quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Rumo à Surdez: Discografias Comentadas
Banda da Vez: Foo Fighters
Parte 3 (final)

Wasting Light
Data de Lançamento: 12 de Abril de 2011
Duração: 47:53 mins.



Me lembro de 2011 como se fosse ontem, após de ouvir The Pretender nas sugestões de vídeos no You Tube, assisti o canal Playtv passando algum programa de música novas, passou muito lixo, mas de repente aparece um vídeo com um riff com eco e luzes piscando no fundo, esse clipe era Rope, do naquela época novo álbum, isso logo chamou minha atenção, e decidi ouvir o disco da banda (que eu considerava ruim na época, com exceção da música the pretender), logo fui cativado pelo som e nunca mais fui a mesma pessoa.

Em muitos aspectos Wasting Light é o álbum mais pesado da banda. Após diversas variações entre faixas leves e pesadas nos dois álbuns anteriores a este, Wasting Light apresenta muito mais agressividade. o álbum foi gravado na garagem da casa de Dave Grohl, que disse querer capturar o feeling do rock mais sujo de garagem, voltar a suas raízes musicais.

Fui arrebatado por Bridge Burning em 2011, se tinha gostado de Rope e The Pretender, Bridge Burning foi a música que me fez virar total fã da banda, com um riff rápido e agressivo, um refrão
marcante e divertido, me lembro de ter me identificado com a letra na época, o que é muito importante, um dos aspectos para eu ser fã de alguma coisa é a identificação que tenho com essa coisa. Ela é uma ótima introdução para o álbum.



O que gostei mais de Rope na época foi seu ritmo, essa música tem uma dinâmica impecável, com o riff ecoando, e um solo de guitarra incrível com uma distorção foda. 



Definição de fodapacaralho: Dear Rosemary. Não é preciso ser dito nada, só precisa ser ouvido


White Limo é a coisa mais pesada da banda desde Weenie Beenie no debut, ela até pode ser considerada Heavy Metal, mas com todo o charme foofightersiano (melhor palavra que já inventei). O clipe é muito bom também, com a participação do lendário Lemmy Kilmister como motorista da limusine.


Arlandria é uma música poderosa, lembrando o melhor da era In Your Honour e seu rock de estádio.


These Days é a Next Year do álbum pra mim, ela não me agrada especialmente, mas nunca passo ela quando escuto o disco, ela me soa meio melodramática como Best of You, não é muito minha praia, mas aposto que muitos fãs amam essa música.

Back And Forth é pura diversão, e eu me identifico mais com ela hoje em dia do que antigamente. O mesmo pode ser dito de A Matter of Time, ela é divertida, nada demais.

Miss the Misery  é uma da minhas favoritas do álbum, respondendo tristeza com agressividade.


I Should Have Known soa estranha após toda a agitação das músicas anteriores, é a música mais triste dos Foo's desde Over and Out, com a participação de Krist Novoselic (baixista do Nirvana), é difícil não lembrar de Kurt Cobain ao ler a letra, "No, i cannot forgive you yet" e "I should have know that it would end this way" parecem ser claras referencias, até agora foram apenas três músicas sobre Kurt, mas esta definitivamente é a mais emocional e poderosa.


Walk é a Best of You do álbum, tocou milhares de vezes em todo lugar em 2011, mas eu ainda não cansei dela ainda (Best of You toca direto a 10 anos já, Walk tem uns 4 anos), novamente o assunto de renovação de espirito é abordado, o "aprender a caminhar de novo" como diz a música. É uma boa conclusão, com um tema recorrente nas músicas dos Foo's (e na vida). O single também teve o melhor clipe do álbum, inspirado no filme Um Dia de Fúria (aquele com o Michael Douglas louco da cabeça).


Temos também Better Off como a faixa bônus, que lembra bastante o estilo do primeiro álbum.


Tem um remix de Rope pelo dj foda-se quem diabos liga pra um remix?

Wasting Light teve criticas bem mais favoráveis desta vez pela maioria dos críticos, dizendo que era a volta a boa forma dos Foo's, também foi sucesso de público e me lembro de ser a única coisa relacionada a rock que tocou nas rádios em 2011. Ao pensar que este álbum foi gravado numa garagem, é impressionante ver o resultado, e eu sei que ele foi bem importante pra mim na época, mas analisando ele hoje mais friamente, a falta de variedade nas músicas me lembrou um pouco o One by One, todas as músicas são legais, mas nem todas são tão memoráveis assim, e isso me incomodou um pouco, pois sou muito fã da variedade dos dois álbuns anteriores a este.

Pontos Fortes: Bridge Burning, Rope, Dear Rosemary, I Should Have Known, Miss The Misery.
Pontos Fracos: Falta de variedade sonora.
Nota Final: 8,5/10.

Vale lembrar que os Foo's lançaram um documentário muito interessante sobre a história da banda e a gravação de Wasting Light chamado Back & Forth, eles fariam algo parecido em 2014 com o próximo e último álbum que irei analisar.



Sonic Highways
Data de Lançamento: 10 de Novembro de 2014
Duração: 42:03 mins.


Os Foo's voltaram em 2014 para o que seria seu álbum mais ambicioso desde In Your Honour com Sonic Highways. A ideia por trás do trabalho é muita única, não consigo me lembrar de nada parecido, e isso já ganha pontos comigo, cada música do álbum foi gravada em uma cidade diferente, pois Dave disse que o ambiente onde a música é gravada pode influenciar totalmente o som, então a banda viajou por 8 cidades nos Estados Unidos documentando a história musical do local e gravando uma faixa inspirado na vibe da cidade, o álbum também conta com a participação de vários convidados.

Esse já pode ser considerado o álbum com mais opiniões variadas da história da banda, alguns críticos e fãs realmente não gostaram das faixas, dizendo que são pouco inspiradas e fracas comparadas ao resto do repertório da banda. Outros acharam mediano, também dizendo que as músicas foram pouco inspiradas mas ainda era um bom álbum, e outros realmente gostaram da ideia do álbum e o consideram um dos melhores trabalhos da banda.

Eu a principio achei bem mediano, colocando ele como o meu "menos favorito" da banda, mas quanto mais ouvi, mais gostei dele, e isso ocorreu com vários outros álbuns que ouvi na vida, me lembro de ter ficado bem decepcionado com Like Clockwork do Queens of The Stone Age a primeira vez que o ouvi, mas quando entendi sobre o que o álbum era, ele acabou se tornando meu segundo favorito da banda.

Eu recomendo fortemente que você assista o seriado que acompanhou o lançamento do álbum, a série é um documentário sobre a gravação deste disco, e ele mostra a história da cidade de onde gravaram e suas inspirações para a faixa relacionada do álbum (que toca no fim de cada episódio). Até se você ouviu e não gostou, assistir o documentário pode lhe fazer mudar de ideia (ou não, não posso prometer nada).



Vou dar o presente a vocês de postar todas as músicas, porque o álbum inteiro pode ser ouvido no canal do You Tube da banda, então não pode ser considerado pirataria nem nada, eu comprei o álbum porque eu sou fã mesmo.

o álbum abre com Something from Nothing, que começa suspeitosamente idêntica a Skin and Bones, o riff de guitarra também lembra muito Holy Diver do Dio, é uma faixa divertida, mas concordo que ela não é muito inspirada.

A letra é bem interessante, inspirada na cidade de Chicago, fala sobre muitos músicos que vieram completamente desconhecidos e se tornaram lendas da música na cidade, justificando o nome da música, Something from Nothing significa "algo do nada", ele eram considerados nada e se tornaram algo ao encontrar a música. A faixa compara este pensamento ao grande incêndio em Chicago em 1871 com trechos como "It started with a spark" e "Here lies a city on fire". O artista convidado desta música é Rick Nielsen da banda Cheap Trick.



 The Feast and The Famine é a música mais agitada do trabalho, lembrando muito o som de The Colour and The Shape, com influencias da cena Punk Rock de Washington (onde a faixa foi gravada), a letra é típica de Punk Rock e fala sobre a desigualdade social contrastante de Washington. O artista convidado desta faixa são Peter Stahl e Skeeter Thompson da banda Scream (da qual Dave tocou bateria antes de entrar no Nirvana).



Congregation é uma das melhores do álbum, com inspiração da música Country de Nashville, a letra faz varias referências, como vários músicos da cidade eram mais familiares com uma Jukebox do que com um rádio no trecho "a jukebox generation". O artista convidado desta música é Zac Brown da banda de Country Rock The Zac Brown Band (da qual Dave produziu um álbum).

Pessoalmente, eu amo essa música, vários momentos importantes na minha vida tiveram como trilha sonora as músicas da banda, e quando esse álbum foi lançado, fiquei na dúvida se ele iria fazer parte disso também. Eu comecei a fazer carteira de motorista em 2014, e eu não era muito bom e confiante na direção, então reprovei 3 malditas vezes na prova e gastando um bom dinheiro nesse bela máfia chamada Detran, então na quarta vez, eu já estava com pouca esperança de passar e até com o pensamento de desistir, acordei cedo e peguei carona com a minha mãe para mais um prova, quando sai do carro, eu tinha que subir um morro pra chegar no local da prova, então coloquei meus fones de ouvido e coloquei na seleção aleatória, e começou a tocar essa música.

Eu estava tão inspirado por ela que só faltou eu fazer drifts na rua naquele dia, finalmente havia conseguido minha carteira de motorista, e eu agradeço a essa música.


What Did i Do?/God as My Witness são duas músicas em uma só, What Did I Do? lembra muito o som de Lynyrd Skynyrd, especialmente o ritmo de Sweet Home Alabama, e God as My Witness lembra um tanto música gospel (que é inegavelmente uma das raízes da música country). Ambas faixas foram gravadas em Austin no Texas e tem como artista convidado Gary Clark Jr.  que é um novo rosto promissor da cena texana de música.



Outside é minha favorita desde a primeira audição, e pra mim é a prova que a experiência da banda nesse álbum funcionou. Lá vem história:

É engraçado como muito de meus álbuns favoritos foram gravados no estúdio Rancho de La Luna em Joshua Tree, Califórnia. Queens of the Stone Age, Arctic Monkeys e é claro, Foo Fighters, já gravaram nesse estúdio, então só a vibe do lugar foi responsável por muitas de minhas músicas favoritas. Primeira vez que ouvi o álbum, eu não sabia onde essa faixa foi gravada, mas tinha gostado dela exatamente por essa vibe que estou tão familiarizado. Então acho que a banda conseguiu, eles conseguiram capturar o estilo de música através do local.

A letra fala sobre muitos músicos que estavam cansados da loucura urbana da cidade de Los Angeles e procuraram um lugar mais calmo para gravarem, foi com essa ideia que o Rancho de La Luna foi construído. O artista convidado desta música é Joe Walsh, da banda Eagles, aquela do clássico Hotel Califórnia.


In The Clear é a música mais leve e emocional do disco, quando ouvi ela me pareceu a mais típica foofightersiana do trabalho, a faixa foi tocada em Nova Orleans com participação da Preservation Hall Jazz Band.

Eu esperava que uma música de Nova Orleans fosse sobre vodu e bruxaria, mas deixa pra lá, pelo episodio da série lá parece ser um lugar muito maneiro.



Subterranean é a mais experimental do álbum, o som não se prende em riffs e refrão como boa parte das músicas dos Foo's, inspirado no som experimental dos anos 90 da cidade de Seattle, que foi o berço da música grunge, o episódio dessa faixa é muito recomendado aos fãs de Nirvana, pois Dave relembra vários momentos que passou em Seattle na época da banda. O artista convidado desta música é Dave Gibbard.



I Am a River não desaponta como o fechamento do disco, não devendo nada para End over End New Way Home e outros fechamentos épicos. A música foi gravada em Nova York com participações de Tony Vinconti e Kristeen Young, junto com uma fuckin orquestra.


Pontos Altos: Outside, Congregation, I Am a River, The Feast and The Famine.
Pontos Baixos: Parecer mais um experimento musical do que uma adição ao repertório da banda.
Nota Final: 8/10.

Agora meu top 8 álbuns da banda:

8. One by One
7. Foo Fighters
6. Sonic Highways
5. In Your Honour
4. Wasting Light
3. Echoes, Silence, Patience and Grace
2. The Colour and The Shape
1. There is Nothing Left to Lose

É complicado terminar esse artigo, já disse praticamente tudo sobre Foo Fighters, o que posso dizer é que escrever esses artigos foram importantes para mim, pois escrever sobre essa banda é escrever sobre mim, metade de mim está nessas músicas, é algo que apenas um grande fã pode sentir. Vejam que nenhum dos álbuns ficou abaixo da nota 7, é porque gosto deles e todos tiveram importância para minha pessoa, eu apenas gosto de alguns mais do que outros.

E porque mais que algumas pessoas considerem a banda nada demais, eu não ligo, pois ela foi importante para mim e pra muitos outros fãs, nenhuma outra banda me atingiu emocionalmente como essa até agora, e me faz lembrar de uma época querida e especial.

Essa é minha dica, não importa o que os outros falam de algo que você gosta (eu inclusive, então desculpe fãs de Maroon 5 e Imagine Dragons, se eu odeio suas bandas favoritas), o importante é que essa coisa teve significado para você, se não teve para eles, ótimo, mas para você teve, e isso é tudo que você precisa.

E pra você que vai no show no tour da banda aqui pelo brasil, eu te invejo com todas as forças do mundo, pois estava desempregado quando os ingressos foram vendidos.

Até mais, galera.






































































































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