sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Chutando a colmeia da intolerância.



Vamos agora falar sobre a maior tragédia do ano (até agora pelo menos), sim, exatamente esse assunto que deixou muitos chocados: A saída da Nintendo no Brasil, maldita seja Dilma e seus impostos, nos impedindo de jogar Mario e outras séries clássicas, devem lembrar que não existe emulador de 3DS, então agora nossa alegria já era.

Teve outra coisa também, acho que teve alguma coisa a ver com terrorismo.

O que? Não me diga que está ofendido, os caras morreram por humor, acho muito justo manter essa característica por perto.

2015 já começou nessas, chegou dia 7 de janeiro e já tivemos o primeiro grande acontecimento trágico do ano, o massacre do Charlie Hebdo, onde dois homens armados chegaram atirando nos escritórios da revista semanal satírica Charlie Hebdo, matando 12 pessoas e deixando cinco gravemente feridas, o motivo por trás foram as controversas charges sobre o Islamismo, os dois terroristas tinham associação com o Al-Qaeda, eles ficaram ofendidos com as charges e decidiram que a melhor forma de resolver isso era matar todos os envolvidos.

Obviamente, o terror cresceu na França, outros atentados seguiram, pessoas reagiram, e discussões começaram.

Humor tem limite?

Antes a responda era: Depende de onde você nasceu. 

Mas agora não é mais.

Religião, extremismo, intolerância, o massacre abriu espaço para todas as discussões, eu não vou ser ambicioso o suficiente para tentar responder a todas as questões, só vou deixar minha opinião.
O Islamismo hoje é a segunda religião com mais seguidores (aprox. 1,6 bilhões), só perdendo para o Cristianismo (2,2 bilhões), é uma religião monoteísta, é fundamentada nos ensinamentos de Mohammed, conhecido aqui como Maomé, o livro sagrado do Islamismo é o Alcorão, e a palavra islã significa submissão, obediência, e o muçulmano é “aquele que se submete a Alá”.

O Islamismo não é tão diferente do Cristianismo, ambos são monoteístas, ambos tem um livro sagrado, e ambos têm algumas figuras em comum, como o Anjo Gabriel e Jesus (que é considerado apenas um profeta). Mas muitos pensamentos islâmicos não condizem com as ideias cristãs, então tecnicamente os dois não poderiam coexistir, pois essas figuras tiveram papeis diferentes no Islamismo.

Só escrevi essa parte para explicar o que é o Islamismo, e deixando claro que não são todos os muçulmanos que são terroristas.

 Agora podemos falar sobre a verdadeira raiz do problema, os extremistas, os extremistas islâmicos tem tolerância zero as chamadas blasfêmias, e acreditam que matar os “infiéis” é uma tarefa agraciada por Alá, apesar de alguns ensinamentos do islamismo clamarem bondade e  esmola para os pobres, e boas pessoas seguiriam essa doutrina para com todas as pessoas, mas para os extremistas, as únicas pessoas que valem são as que tem ideias parecidas com as deles, apenas ser da mesma religião não se aplica, já que mataram um policial no massacre que era muçulmano.

Extremismos são uma das maiores pragas do mundo, qualquer coisa elevada ao extremo é perigosíssima: politica, ideais e principalmente religiões. O cristianismo também fez coisas horríveis, como a inquisição, e os colonizadores cristãos não aceitavam muito bem os deuses dos índios. 

Imagine o seguinte, alienígenas chegam em nosso mundo, nos dominam e olham para nossos deuses (Alá, Deus, Buda e outros) e dizem que tudo isso é mentira, e o Deus deles é o único e o verdadeiro, e para manter mão de obra humana, nos convertem como seguidores do seu deus alienígena, foi exatamente isso que aconteceu com os índios.

 Não existem religiões boas ou más, existem seguidores bons e maus.

Uma das características do extremismo é a generalização, algo que muitos idiotas que se dizem contra o terrorismo estão fazendo agora, julgando todos os seguidores do Islamismo como terroristas. Outra característica é a fé cega e falta de dúvidas, os extremistas acreditam fielmente que tudo que estão fazendo é o certo, eles acham que são os heróis dessa história, que estão fazendo a vontade de Alá e serão recompensados quando morrerem.

A dúvida é vista como algo ruim, mas esse pensamento está errado, a dúvida é um presente. Imagine que não a tivéssemos, não teríamos dúvida de que pular de um prédio de 20 andares iria nos matar, não teríamos dúvida que matar pessoas é errado. A dúvida é boa, ela existe por esse motivo, para questionarmos o que vamos fazer.

A dúvida te faz humano, esses extremistas perderam essa habilidade e com isso perderam suas humanidades.

Não estou criticando a fé, mas se você não temperar sua fé com um pouco de questionamento, você vai ficar cego a tudo.

Agora que entendemos os assassinos (a parte mais importante é entender o inimigo), vamos às vitimas.

Falando sério agora, o humor tem limite?

Ou melhor: Qual a linha entre engraçado e ofensivo?

                                               Possível próxima vitima?


“Je Suis Charlie” no que se diz a liberdade de expressão, mas eu vi as charges e elas me pareceram de extremo mau gosto, eu não consigo imaginar como alguém iria rir daquilo, mas eu defendo eles no que se diz ao direito de dizer o que pensa, e mostrar o que pensa. Ora, é isso que eu faço no blog. Apesar de não concordar com o tipo de humor deles.

                                                               Hilário???

Mas isso não justifica o massacre, agora toda vez que alguém se sente ofendido, essa pessoa deve matar quem a ofendeu?

E não me venha com esse discurso de "não se brinca com religião". Agora religião virou desculpa para matar os outros? Eu não acredito em um Deus do ódio, da intolerância e da ignorância.

Eu sinceramente sou mais adepto a "Je Suis Ahmed", quem é Ahmed? Ahmed foi um policial muçulmano que morreu no tiroteio, um policial muçulmano que morreu tentando defender pessoas que zombaram de sua religião, e ele se importou se eles tinha feito isso? não, ele foi lá tentar proteger eles assim mesmo.

Isso é ser uma boa pessoa.

Quando eu me sinto ofendido por algum comediante, eu apenas ignoro e faço outra coisa, ao invés de protestar ou fazer uma tempestade por algo que ele falou, porque acho isso idiota. Humor não é algo fácil de explicar, alguém riu daquilo, eu não, mas não vou desmerecer o humorista também.

Vamos pegar outro exemplo, South Park é conhecido mundialmente por ser um dos desenhos de humor mais controversos da televisão, em um episódio de uma das primeiras temporadas, teve uma paródia da Liga da Justiça, mas ao invés de heróis, teve figuras religiosa como Jesus, Buda, Krishna e outros, teve Maomé também, mas foi censurado depois dos produtores receberem ameaças de morte por extremistas.


South Park já ousou fazer comédia com todas as religiões, até a cientologia foi abordada, o que fez Tom Cruise querer proibir o episódio (Tom Cruise extremista da cientologia?).

Mas diferente de Charlie, eu acho que South Park é engraçado e tem criticas inteligentes (nem sempre, mas geralmente tem). E isso nos leva a um dos meus momentos favoritos da série.

No episódio 6 da temporada 17, algo louco acontece e Judeus, Muçulmanos e Cristãos se unem em paz e harmonia, e comemoram isso num show do Van Halen.



Eu ri disso até cair no chão, e isso é um tanto triste.

Eu ri porque me pareceu tão absurdo a ideia das três religiões conviverem em paz, eu ri deles terem montado imagens de alguma revolta como se fosse um show, isso é ouro em comédia, porque não só te faz rir, mas também te faz pensar: Imagina todo mundo vivendo em paz?

Talvez precisamos de mais Van Halen, sei lá.

Outro assunto parecido aconteceu um mês antes do atentado, Hackers invadiram a Sony e roubaram varias informações e filmes da empresa, entre esses filmes estava A Entrevista, filme de comédia que mostra a morte do ditador norte-coreano Kim Jong-un, parece que os hackers eram norte-coreanos e o ditador ameaçou fazer um segundo "11 de setembro" caso o filme fosse lançado. A Sony se borrou nas calças e decidiu cancelar o filme, até que o Presidente Barack Obama falou a respeito e disse para os habitantes americanos não se preocuparem, e a Sony resolveu passar o filme em poucos cinemas e muitos resolveram assistir via pirataria.



O engraçado é que exatamente 10 anos atrás (em 2014), foi lançado um filme (dos criadores do South Park) chamado Team America, um filme feito com fantoches que é uma paródia dos filmes de ação onde os Estados Unidos se acham a policia do mundo, o vilão do filme é Kim Jong-il (pai do novo ditador, óbvio), e é sabido que Kim Jong-il tinha visto o filme, mas não fez nenhumas ameaças, e digo que Team America é bem mais ofensivo que A Entrevista.


Alias, esse tema deveria ser o novo hino dos Estados Unidos:

                                                           'Murica, Fuck Yeah!!!

Tudo se resume a frase: Posso não concordar com suas palavras, mas vou defender até a morte seu direito de dize-las". 

Essa é a ideia que quis passar, não culpe aqueles que foram mortos, culpem os assassinos, parece idiota eu ter que escrever isso, mas muita gente está confundindo as coisas. Sim, os chargistas tinham sido bem ofensivos, mas isso não justifica o ato dos terroristas, eles foram os maiores covardes dessa história, matando um bando de desarmados e matando até um que era da mesma religião deles.

A única coisa que não deve ser tolerada jamais, são extremismos.

Lembram quando o Pastor Marco Feliciano quis fazer uma cura gay? me lembro na época de dizer: Cura pra parar de ser um babaca que é bom eles não fazem.

É quase a mesma ideia aqui, Seja intolerante com os intolerantes.

Sobre A Entrevista, o filme não é nada demais, nem é tão engraçado assim e a polêmica é um pouco barata, mas fico feliz do filme não ter sido proibido.

E ele tem uma música na trilha sonora que vou usar para terminar esse artigo.



                                                     "O mundo está se fechando
                                                       Você já chegou a pensar
                                                       Que poderíamos ser tão próximos, como irmãos?
                                                       O futuro está no ar
                                                       Posso senti-lo em todo lugar
                                                       Soprando com o vento de mudança"






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