quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Rumo à Surdez: Discografias Comentadas
Banda da Vez: Foo Fighters
Parte 2

One by One
Data de Lançamento: 22 de outubro de 2002.
Duração: 55:11 mins.



Se a banda tinha achado paz e conforto no trabalho anterior, logo essa paz acabou nas gravações de One by One, o álbum passou por diversas regravações e criou tensões entre os membros da banda, Dave estava cheio de trabalho com sua participação como baterista em Songs for The Deaf da banda Queens of The Stone Age, e um novo guitarrista entrou no Foo Fighters durante o tour de There is Nothing Left to Lose, chamado Chris Schiflett.

Por conta dessa época mais conturbada, o som de One by One é bem mais pesado que seu antecessor, e vemos isso muito bem quando All my Life começa a tocar, com vocais leves na introdução, logo a música explode num riff pesado e vocais rasgantes.


Sem perder o folego já somos atirados ao riff violento de Low, os Foo's não são geralmente conhecidos por falar sobre sexo, mas esse é o exato tema dessa faixa, ou vai me dizer que um trecho como "Screws inside, Turns so tight, Turning on you" não é nem um pouco sugestivo? fazendo dessa uma das músicas mais pesadas para um striptease.
Também tem aquele clipe que pode causar pesadelos aos mais fracos do coração, com Dave Grohl e Jack Black se travestindo num motel.


Have it All tem uma boa dinâmica musical e um refrão divertido, Times like These é uma queridinha entre os fãs, outro grande hit da banda, você provavelmente já ouviu "It's times like these you learn to live again, It's times like these you give and give again" alguma vez, mesmo que não intencionalmente , quem não lembra da clássica propaganda da Claro convite?

                                              Foi usada a versão acústica

O single foi este:


Disenchanted Lullaby tem um ótimo refrão, mas nada de muito interessante instrumentalmente, Tired of You é uma interessante música super triste com participação de Brian May, o guitarrista do Queen, sim, aquele Queen, do Freddy Mercury.

Agora começa meu problema com esse álbum, Halo, Lonely as You, Overdrive e Burn Away são todas okay, é isso, nada demais, bons refrões e bom som, mas absolutamente nada de especial, nada de diferente, são um tanto dispensáveis.

Come Back por outro lado, é uma pérola esquecida da banda, com a duração de 7 minutos e 50 segundos, uma das faixas mais longas da banda, com um refrão épico e variações na sonoridade, fecha o álbum muito bem.



One by One teve muito material jogado para os F-sides, em destaque temos: Walking a Line, Normal, The One (da trilha de Orange County), essas três poderiam muito bem estar no álbum, também tem uma uma cacetada de covers e versões ao vivo.


One by One ficou um tanto dividido entre críticos e fãs, muitos apreciaram o som mais pesado, mas reclamaram da mesmice e falta de criatividade em algumas músicas, até a própria banda já revelou que este é o álbum que menos gostam, Dave diz que tem apreço apenas por quatro músicas (das quais ele não revelou). Mesmo assim o disco ganhou Grammy de melhor álbum de rock em 2003.

Pontos Fortes: All my Life, Low, Times like These e Come Back.
Pontos Fracos: Burn Away, Lonely as You, Halo.
Nota Final: 7,5/10

In Your Honour
Data de Lançamento: 15 de junho de 2005
Duração: 83:17 mins.


In Your Honour foi a álbum mais ambicioso dos Foo's na época, com dois discos, um com músicas pesadas e outro com músicas acústicas, tendo 83 minutos de duração no total. o trabalho foi bastante influenciado pelo suporte que estavam dando ao politico John Kerry nas eleições de 2004 nos Estados Unidos, o que sinceramente me parece apenas uma vingança contra George W. Bush, que usou sem permissão Times like These como música-tema de sua campanha.

Este é o álbum mais complicado pra mim escrever, por muito tempo foi o único álbum dos Foo's que eu tinha pouco apreço, enquanto ouvi os outros álbuns inteiros incontáveis vezes, este eu só lembro de ter ouvido umas três vezes, então essa seria a quarta vez que o escuto inteiro, incluindo o álbum acústico.

O álbum começa com In your Honour e ela é perfeita pra abrir um show, ela é curta e dá um gosto do que vem em frente.

No Way Back foi feita com a intensão de ser tocada em estádios, o riff e o refrão são muito animadores e consigo muito bem imaginar milhares de pessoas pulando junto em um Wembley da vida. Peraí, isso realmente aconteceu!


Tem absolutamente zero chances de você nunca ter ouvido Best of You alguma vez na sua vida, essa música esteve em tudo, filmes, séries, comerciais, na casa da sua vó, em trabalhos escolares, até em igrejas (sim, eu ouvi essa música numa igreja uma vez). É bem óbvio então que esse seja o maior hit da banda, mas o que eu acho dela? pra falar a verdade, eu não gosto muito dela, acho que exatamente porque ela tocou tantas milhares de vezes que ela não me anima mais, ela é a Sweet Child O'Mine da banda, é a única música que tenho memória de ter ouvido na época ainda, há dez anos atrás, em 2005, quando tinha nove anos de idade, naquela época eu devia ouvir algum sertanejo brega que meus pais me obrigavam a ouvir (e achava a melhor coisa do mundo), então ela não me chamou muita atenção.

                             Escute aqui pela trilhésima vez

Eu gosto bastante de D.O.A, com um riff animal, parece algo que toca durante esportes radicais, eu consigo imaginar muito bem essa música tocando durante um skydiving, sei lá, em Dubai.

Vamos fazer um teste, coloque essa música


Junto com esse vídeo (clique no mute pra tirar esse remixes zuados) a diversão começa em 2:36 de vídeo


Hell é uma música assustadoramente animada sobre o inferno, ela me lembra In your honour, seria uma boa introdução, mas aqui no meio ela soa meio estranha.

The Last Song é bem animada, algo ótimo para um estádio, estou começando a ver um padrão aqui.

Free Me é uma música que os fãs imploram para a banda tocarem no show, e eles nunca tocam, chame de um tesouro esquecido, Free Me é enérgica, pesada e muito divertida, então sabe se lá por que diabos nunca tocam ela nos shows, o publico ia delirar, cair no chão, chorar, morrer se um dia eles terminarem o show com esta.


Resolve me lembra o estilo de Tom Petty, do qual Dave é fã e quase chegou a tocar na bateria quando o Nirvana acabou, é uma música sobre resolver seus problemas pessoais, definitivamente a faixa mais emocional deste primeiro disco.


The Deepest Blues are Black não tem nada de especial, e mesmo assim é uma das minhas favoritas, mas isso é por motivos mais nostálgicos, eu ouvi essa música em um dia bem importante, então ela tem um lugar no meu coração, apesar de que analisar mais friamente ela é bem fraca.

End Over End é sobre nostalgia, eu descobri isso apenas esse ano, e junto com Aurora é uma das melhores músicas sobre nostalgia de todos os tempos, eu acho a letra um primor, um tema recorrente nas músicas é o renascimento, o começar de novo, cair num buraco e escalar de volta, nada vai ser como antes, e nem deveria, senão seria apenas repetição, são ciclos atrás de ciclos, caídas após caídas, fins após fins. Mas também são inícios após inícios, subidas após subidas.



Também tem uma música animal chamada The Sign de bônus, eu nunca tinha a ouvido até escrever esse artigo.

O que posso dizer desse primeiro disco é que ele me agradou muito mais nessa revisitada, acho agora até melhor que One by One, apesar de eu achar que algumas músicas foram feitas sem tanto primor(Hell vem a minha cabeça), ainda é um produto sólido no que se diz em Rock and Roll, e ele foi feito para ser tocado num estádio.

O segundo disco é complicado de avaliar, ele é o exato oposto do primeiro disco, chame esse de o álbum yin yang do Foo Fighters, e eu não estou falando que ele é ruim, mas pra quem curte um rock mais agitado não vai ter nada aqui para ouvir.

É com esse pensamento que se deve ouvir o disco 2, ele é a coisa mais única que a banda já fez.
Still é maravilhosamente fantasmagórica, eu diria que essa música respira, ele tem vida própria, uma grande introdução ao estilo desse disco.



What If I Do é uma bonita composição romântica, destinada a derreter alguns corações.

Miracle não me agrada, mas tenho certeza que muita gente gosta, só não faz muito o meu tipo.

Another Round tem uma ótima composição, e Friend of a Friend fala sobre ele mesmo (Dave) e Kurt Cobain, pras viúvas inconsoláveis do Nirvana, que adoram dizer que todas as músicas dos Foo's são sobre o Kurt, essa é uma das poucas que realmente são.

Over and Out é sufocante, considero esta uma das músicas mais triste da banda, parece alguém fazendo uma chamada dentro do coração, "Você está ai? consegue me ouvir? eu não sinto mais você" diz o refrão.



On The Mend lembra o tema de Resolve, com um riff de violão incrível e vocal suave e emocional.


Virginia Moon é uma carta de amor à cidade de Dave, com inspiração de Bossa Nova (sim, você leu certo) e com participação da talentosa Norah Jones.


Cold Day in The Sun é cantada por Taylor Hawkins (Dave ficou na bateria) e ele não desaponta, com um refrão bem sentimental (Looks like your bleeding heart has already won) e uma sonoridade bem setentista e animada. Tradução do trecho: Parece que seu coração ensanguentado já ganhou.



Razor é um interessante trabalho com o violão, mas ela não me agrada muito como o fechamento do álbum.

Único destaque para a F-sides: Skin and Bones.



O disco 2 de certa forma mostrou o amadurecimento da banda, mostrou que eles podem fazer diversos tipos de som e serem bons nisso.

Minha nota para ambos os discos vai ser separada, por que eles são muito diferentes.

Disco 1
Pontos Fortes: D.O.A, Free Me, No Way Back, Resolve e End Over End.
Pontos Fracos: Hell.
Nota Final: Nessa revisitada, 8,5/10.

Disco 2
Pontos Fortes: Still, Over and Out, On the Mend, Virginia Moon e Cold Day in The Sun.
Pontos Fracos: Miracle e Razor.
Nota Final: No que ele se propôs, 9/10.

In your honour também recebeu criticas divididas, mas foi um sucesso de público, e foi considerado pela banda seu melhor trabalho, o próprio Dave disse ter sido seu trabalho favorito na época. Mantendo a tradição, o álbum ganhou o Grammy de melhor álbum de rock do ano.
Sem falar que aposto que até sua vó já cantarolou Best of You.



Echoes, Silence, Patience & Grace.
Data de Lançamento: 25 de Setembro de 2007.
Duração: 51:12 mins.


Echoes, Silence, Patience & Grace é de certa forma uma sequencia do estilo de In Your Honour, alternando entre músicas de rock tradicional e músicas acústicas, mas diferente de seu antecessor, que fora dividido em dois, este apresenta ambos os estilos em um único disco.

Algumas pessoas reclamaram da estrutura do álbum, o chamando de inconsistente, eu pessoalmente adoro a alternância entre pesado e leve deste trabalho, porque até as músicas acústicas conseguem ganhar um peso, com o maravilhoso trabalho técnico do disco.

The Pretender começa arrebentando tudo, com um som rápido e motivador, virou um hit instantâneo, também entrando no Billboard top 100 de 2007. Essa foi a primeira música dos Foo's que me chamou a atenção, na época eu me classificava metaleiro e considerava Foo Fighters uma banda pop lixo e leve (acho que todo mundo passou por uma época de adolescente imbecil e intolerante), minha concepção mudou quando ouvi essa faixa, e decidi dar uma ouvida nos materiais dos caras, e acabou se tornando minha banda favorita, até me fez mudar de concepções com varias outras coisas, até sentimentos.



Let it Die também é uma das poucas músicas que realmente fazem menção à Kurt Cobain, nesta, Dave descreve sua visão sobre o relacionamento de Kurt com Courtney Love, que todos sabemos ter sido "complicado". A faixa começa leve com um riff espetacular de violão, e logo se torna mais pesada e extremamente emocional.


Apesar de eu não ser um grande fã de Erase/Replace, admito que o trabalho na bateria de Taylor Hawkins é incrível nessa música.

Long Road to Ruin é uma delicia de música (isso soou bem gay), a música mais feliz sobre o rumo ao fracasso de todas, pra mim essa é uma personificação perfeita de como é estar apaixonado, você sabe que tudo vai dar errado, mas mesmo assim vai lá e faz tudo. E o clipe é fantástico:


Come Alive é uma grande acústica com um trabalho excepcional de violão, e que fala sobre tristeza e felicidade.



Stranger Things Have Happened é uma ótima composição de Dave (única música do álbum inteiramente composta por ele), um belo Blues, e o trecho "I'm not alone, Dear loneliness" ficou gravado em minha memoria por muito tempo.

Cheer up Boys, Your Make-up is Running é uma das faixas mais rápidas e animadas da banda, foi feita para os shows, e para ser o grande hit do álbum (apesar de The Pretender ter tido essa honra).


Se você leu meu artigo de verão, deve ter notado que resolvi terminar com  Summer's End, ela soa muito bem (o típico dos Foo's), mas o que me surpreendeu foi o ótimo solo de guitarra em 2:51 da música.



Ballad of The Beaconsfield Miners é uma instrumental poderosa, com um trabalho primoroso com o violão. a história por trás dessa faixa é bem interessante, alguns mineiros em Beaconsfield ficaram soterrados após um desabamento, o pedido de um dos mineiros foi um Ipod com o álbum In Your Honour incluído, após serem resgatados, Dave ofereceu um ingresso ao mineiro para um show da banda, e essa música é uma homenagem a este acontecimento.



Statues é a música mais suave do disco, com vocais leves, piano e até uma gaita (ou um violino, sei lá, nunca fui muito bom em identificar instrumentos), ela é bem relaxante, mas nunca chamou muito minha atenção.
P.S: Acabei de ver que ambos os instrumentos estão na música.

But, Honestly é uma ótima mistura dos estilos do álbum, com o inicio acústico e relaxante, e o final de puro rock, seria uma ótima de acabar o álbum no mesmo nível das outras faixas finais (New Way Home, M.I.A, End over End).



Home é uma versão mais triste de Statues, a letra é inegavelmente linda, mas eu colocaria ela antes de But, Honestly (que seria um fechamento muito mais interessante) se pudesse, ela me soa meio fora de lugar como a faixa final.

Mas peraí, tem Once and For All também, que seria tecnicamente a ultima musica. A razão de eu não considerar ela a ultima faixa é porque ela é um demo, então ela conta mais como uma  faixa-bônus, ela é bem melhor que Home, mas ainda acho que But,Honestly seria o final perfeito para o disco.

Destaque único aos F-sides: Seda.

Novamente as criticas foram variadas, alguns aclamaram o álbum tecnicamente, outros acharam a estrutura do disco (variações entre pesadas e acústicas) inconsistente, o álbum também foi sucesso de público e ganhou adivinha?

Isso mesmo, o Grammy de melhor álbum de rock de 2007, pela quarta vez consecutiva.

Pessoalmente, é um dos meus favoritos da banda, primeiro por ter me introduzido à banda (com the pretender), e segundo por ser o álbum mais emocional desde There is Nothing Left to Lose.

Pontos Fortes: Todas as faixas exceto...
Pontos Fracos: Home e Erase/Replace (pra mim)
Nota Final: 9/10

Gostaria de fazer algumas menções de outros discos e participações nos anos 2000.

Dave Grohl em Songs for The Deaf(2002): É meu álbum favorito de todos os tempos, preciso dizer mais algo?

Sim, seu álbum favorito pode ser de uma banda que não seja sua favorita (respondendo antes que me perguntem).

Probot(2004): supergrupo criado por Dave Grohl com vocal de várias lendas do metal em cada faixa.


Skins and Bones: álbum acústico ao vivo, menção a melhor versão de My Hero da história.


Greatest Hits: O nome diz tudo, os maiores hits da banda, menção a duas inéditas, Wheels e Word Forward, que foram gravadas durante o tour de Echoes, Silence, Patience & Grace.

Wheels: Uma das melhores, se você estiver deprimido, recomendo você ouvir essa música, ela toma novamente o assunto de resolver os problemas e mover em frente.


Word Forward: Dave Grohl é a única pessoa no mundo que consegue dizer fuckin e fazer isso ser emocionante.

                         "They're Just Fucking Words!!!"


Alias, tem um motivo para esse ter artigo ter sido postado em 14 de janeiro, os fãs devem saber que essa é a data de aniversário de Dave Grohl.

Feliz 46 anos de vida, Dave!! (véio pacaralho)












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