sexta-feira, 15 de maio de 2015

Resenha: Mad Max: Estrada da Fúria



Direção: George Miller
Data de Lançamento: 14/05/2015


É raro quando você presencia algo que é tão bom que chega a doer, você fica procurando erros por todo o lugar, ou se perguntando se o filme é real, isso porque esse filme não tinha como ser bom.
Veja bem, ele demorou anos para ser filmado (ele ia começar a ser filmado em 2003 na Namíbia, mas a guerra do Iraque impediu isso, e Mel Gibson preferiu fazer a Paixão de Cristo). O diretor George Miller dirigiu apenas filmes infantis desde 1998 (Babe e Happy Feet), o que fez parecer que ele tinha desistido do cinema de ação de vez, todos os outros projetos associados ao nome dele tinham sido cancelados (Liga da Justiça), e faz 30 anos desde o último Mad Max, o que poderia criar desinteresse do público mais novo, que provavelmente não conhecem a trilogia.


Mesmo com todos esses problemas, Mad Max: Estrada da Fúria conseguiu ser o melhor filme que vi esse ano até agora.

A história é bem simples, mas totalmente efetiva, Max (dessa vez interpretado por Tom Hardy) é capturado por uma sociedade de malucos que seguem religiosamente a palavra do vilão Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que fez o vilão Toecutter no primeiro Mad Max), Max fica escravizado por um tempo, mas recebe a chance de escapar quando Furiosa (Charlize Theron, sendo linda até careca) se rebela contra Immortan e leva seus "tesouros" com ela na esperança de encontrar uma vida melhor. Immortan convoca seus "War Boys" para irem atrás dela, e se inicia uma perseguição de carros que dura o filme inteiro.

Tom Hardy como Max Rockatansky

Pode parecer excessivo na minha descrição, mas a direção primorosa de George Miller consegue deixar tudo no lugar certo, a caracterização do mundo e dos personagens fica integrada a perseguição, você entende como aquele mundo funciona, e como aqueles personagens se sentem, por identidades visuais e diálogos espertamente colocados, sem precisar de diálogos expositivos, o filme se conta, e te dá tudo que você precisa saber.

O vilão Immortan Joe

Outro fator mega importante foi a trilha sonora, composta por Junkie XL, que geralmente fazia remixes e não compôs nenhum filme grande até esse, fiquei descrente quando anunciaram o nome dele para a trilha, mas queimei a língua bonito, a trilha sonora de Mad Max é provavelmente minha favorita do ano até agora. Em faixas que exaltam a pura loucura e violência desse mundo, mas também transmitem muita emoção, destaque para a faixa Brother in Arms.


Ele é um exemplo de como se faz um filme de ação, um dos problemas que tenho com a franquia Velozes e Furiosos (citado no último artigo) é o uso abusivo de CG, o que tira o senso de realidade da cena e faz ela ser ineficiente, aqui 80% das cenas são efeitos práticos, você sente as batidas, os cortes e as explosões, porque elas realmente aconteceram, e a ação se torna muito mais real e eficiente, os efeitos especiais só são usados como pano de fundo, principalmente na cena fantástica da tempestade de areia.


A fotografia/cinematografia é estupidamente linda, é o filme pós-apocalíptico mais colorido e cheio de vida e energia já feito, há cenas que parecem uma pintura, e isso não atrapalha a caracterização do mundo, ainda é um mundo sujo e cruel, mas é o mundo sujo e cruel mais bonito que já vi, o filme tem muito a estética de uma Graphic Novel.

O andamento do filme é absurdo, fiquei tão grudado na poltrona do cinema que quase me tornei a poltrona, uma forma de descrever o filme é o seguinte: Ele te chuta dentro de um carro, já começa acelerando absurdamente e não para por uns 20 minutos, ele te dá momentos para respirar (porque você morreria de asfixia caso contrario) mas nunca desacelera, e nos momentos certos ele aciona nitro para mais uma viagem de perder o folego.

Quem precisa de rádios quando se tem um caminhão de som com um guitarrista ao vivo.

Houveram discussões imbecis reclamando que a personagem de Charlize Theron tem mais importância que o próprio Max, isso é de certa forma verdade, mas acredito que essas pessoas não entenderam a essência de Mad Max. Ele é uma entidade, é aquele que tenta sempre se afastar de problemas e pessoas, mas sempre é jogado nessas situações de perigo, ele está destinado a agir, ou seja, Max pode ser louco, mas é constantemente obrigado a ser um herói. No segundo e terceiro filmes, as histórias são contadas por pessoas que conheceram Max nesse mundo destruído, ele é o Road Warrior, e isso é um titulo que outros deram para descreve-lo, somente o primeiro Mad Max era realmente focado na história de Max, as sequências são sobre essa entidade que ele se tornou, tanto que no final de Road Warrior e Thunderdome ele se afasta daqueles que ajudou e vai procurar novas aventuras.

Charlize Theron como Imperatriz Furiosa

Há não ser que você tenha sentido que sua masculinidade foi ameaçada por Furiosa, se esse for o caso meu amigo, talvez você não seja tão homem assim, ou seja só um babaca que acha que mulheres não deveriam ter importância na trama. A personagem é forte e a única ali que Max se identifica, alguém que teve uma vida difícil mas ainda tenta ter esperanças (apesar de Max dizer que abandonou a esperança, sabemos que é mentira), há alguns momentos surpreendentemente tocantes entre os personagens, Miller tem experiência com filmes mais emocionais, e apesar de 80% desse filme ser insanidade pura na tela, temos uns 20% de humanidade necessários para nos importarmos com o destino desses personagens.

A violência é algo que não desaponta, não faria sentido fazer um filme classificação 14 anos, o mundo em que Max vive é violento e brutal, e não é exagerado e gratuito como muitos outros filmes "adultos" dizem ser (filmes que só moleques de 13 anos vão achar surpreendente), não tem nenhuma cena chocante, talvez com exceção do destino do vilão, que apesar de não ter sido sangrento, foi uma ideia bem perturbadora, tanto que fiquei com dor no queixo só de ver.

Mad Max: Estrada da Fúria mostra uma beleza caótica, provando que até excesso pode ser algo bem feito se estiver em mãos habilidosas, recomendo que veja no cinema com som alto, o filme é tudo que ele precisava ser: Explosivo, Rápido e Louco.




"Testemunhe!"



Nota: 10/10

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Por que a franquia Velozes & Furiosos faz tanto sucesso?
Parte 1



Olá pessoal!

No mês passado estreou o filme Velozes & Furiosos 7, e se tornou a 4ª maior bilheteria da história do cinema, ultrapassando Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2, a série sempre foi popular, mas ao ponto de estar na lista de maiores sucessos? eu precisava fazer uma pesquisa maior para saber as razões dessa franquia ser o enorme sucesso que é.

Isso porque sempre tive uma opinião muito neutra sobre os filmes da franquia, alguns eram ruins, outros eram no máximo legais, mas nunca achei que fosse uma série realmente ótima e merecedora de tanto apreço, ou seja, não sou um fã, então resolvi ver todos os filmes da franquia e pesquisar vários aspectos para ver a grande fórmula que se formou e resultou na quantidade enorme de verdinhas em que o estúdio Universal deve estar nadando agora como o Tio Patinhas.

Outra é que muitos amigos e conhecidos meus são grandes fãs da franquia, eu vou usar muito de minhas observações sobre essas pessoas para o entendimento.

Primeiro analisarei os filmes, depois farei um apanhado para tentar explicar o motivo da franquia ter tanto prestígio com o público, eu inicialmente faria um artigo só, mas percebi que o texto estava ficando muito extenso, então decidi dividi-lo em duas partes.

O primeiro filme foi lançado em 2001, dirigido por Rob Cohen, diretor de Coração de Dragão (aquele com o Sean Connery fazendo a voz de um dragão num CG que envelheceu muito mal), o roteiro foi escrito por quatro pessoas: Gary Scott Thompson (O Homem Sem Sombra), Erik Bergquist, David Ayer (diretor do recente e ótimo Corações de Ferro) e Ken Li (escritor de uma revista de carros).


No filme, um policial em Los Angeles chamado Brian O'Conner (Paul Walker) se infiltra no mundo das corridas de rua para investigar o roubo de caminhões com carga de materiais eletrônicos, mas acaba criando uma amizade com Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua família (que são os acusados do roubo),então O'Conner fica dividido entre seu dever e essa amizade.

A primeira vez que eu vi Velozes e Furiosos eu tinha 5 anos de idade, e na época eu lembro de ver o filme só por causa dos carros e das corridas,  a história não era lá muito complicada para uma criança entender (os americano de carro são do bem e os china de moto são do mal), mas não ligava muito para a relação de amizade entre os personagens.

O sentimento que tive revendo o filme foi muita nostalgia, em cada inicio de década, é notável que os filmes demoram uns três anos para ganharem uma cara própria, isso porque Velozes & Furiosos ainda parece um filme de ação dos anos 90. As cores, a moda, o estilo e a trilha sonora de Hip Hop, Techno e Industrial Metal fazem o filme ser um tanto datado, mas também é um exemplo de como filmes de ação eram feitos naquela época.

Um elogio que tenho que fazer é para o trabalho dos reais motoristas por trás dessas manobras, aquela cena inicial onde o carro vai para baixo do contêiner do caminhão é muito bem feita, infelizmente o filme também usa muito CG (Computação Gráfica) e atualmente é muito perceptível  quando você nota que os atores estão parados, enquanto no fundo da tela está um efeito especial para simular velocidade que não é muito convincente, principalmente naquela primeira corrida de rua.


Isso cria um grande contraste, pois você nota quando as manobras são reais e quando elas são falsas, logo depois desse corrida temos uma perseguição policial muito melhor filmada e muito mais convincente, mesmo nós sabendo que os atores só estão fingindo fazer tudo aquilo (na verdade são motoristas profissionais especializados nesse tipo de cena), essas cenas reais dão uma ilusão muito mais trabalhada.



Nenhum dos atores faz muito barulho com suas atuações, são personagens bem comuns, mas eles funcionam na trama, temos O'Conner, o policial infiltrado um tanto bobão por não "manjar" do mundo do crime (Paul Walker), Toretto, o criminoso com coração de ouro (Vin Diesel), Letty, a mulher macho (Michelle Rodriguez, que construiu uma carreira fazendo esse tipo de papel), Mia, a irmã preocupada do criminoso (Jordana Brewster, que tem sangue brasileiro) e outros como o hacker, o irritadinho e o vilão mimado.

Os atores pelo menos conseguiram dar personalidade para os personagens, tem até uma cena onde é só um churrasco entre eles,apesar de ser uma cena curta e não ter nenhuma importância maior para a trama, é um bom toque de humanidade em personagens que poderiam perigosamente parecer robóticos e ter desinteresse do público.


As duas últimas cenas de ação (o assalto do caminhão e a corrida final) são bem tensas, e usam pouco CG, fazendo um final bem eletrizante e provavelmente são a melhor parte do filme.

O filme também mostrou bastante da cultura do Tuning e de corridas ilegais, é obvio que vários idiotas se inspiraram e provavelmente morreram em acidentes após fazerem rachas, além daqueles pé no saco com carro rebaixado que demoram três anos para passar um quebra mola e com um som ensurdecedor tocando funk as três horas da manhã, mas eu não posso culpar o filme por esse tipo de atitude, até um filme clássico como Laranja Mecânica inspirou um monte de malucos a cometerem vandalismo e violência.

Meu veredito sobre o primeiro Velozes & Furiosos é que ele é um filme um tanto idiota, mas ele certamente é divertido, apresentando boas cenas de ação e personagens razoáveis e fáceis de se identificar.

Nota: 7/10



Uma reclamação comum  que muitos críticos apontaram é que o filme parecia um remake de Caçadores de Emoção, filme de 1991 estrelado por Keanu Reeves e Patrick Swayze, e de certa forma, isso é verdade.


Vejam bem, na trama, um policial em Los Angeles chamado Johnny Utah (Keanu Reeves, em seu primeiro papel num filme de ação) se infiltra num grupo de surfistas suspeitos de serem ladrões de banco (que usam mascaras de ex-presidentes dos EUA nos roubos), mas Utah acaba criando uma amizade com o líder do grupo chamado Bodhi (Patrick Swayze) e fica dividido entre seu dever e essa amizade.

Deu pra ver as semelhanças? é só trocar o surf por carros e você tem o mesmo filme.

Bem, você poderia argumentar que corridas são bem mais legais que surf, mas Caçadores de Emoção tem seu próprio charme, ele também é um produto de seu tempo, tendo a estrutura de um filme de ação dos anos 80, mas com a moda, estilo e trilha sonora tipica dos anos 90 (Grunge, Hard Rock).

Apesar de Keanu Reeves ser um ator bem limitado, ele faz um bom trabalho com a quantidade necessária de personalidade para o público simpatizar com ele, e apesar de ser difícil imaginar Patrick Swayze como um surfista (afinal, ele é o cara do Ghost e do Dirty Dancing), eu achei que ele fez um personagem bem legal, não muito convincente, mas com uma dose certa de caracterização.

O fator do personagem estar com a lealdade dividida também é melhor feito aqui, pois Utah tem um parceiro na policia, o que fez ele ficar mais em dúvida em quem ele deveria seguir, além do romance melhor trabalhado, mas também muito corrido.

O filme não tem tanta ação quanto ''Velozes", mas as poucas cenas de ação fazem um trabalho incrível, a diretora Kathryn Bigelow consegue filmar essas cenas com ótimos enquadramentos e com uma ótima edição, fazendo essas cenas serem bem tensas e eletrizantes, além do filme não usar CG e apenas usar o trabalho dos atores e dublês, o que é sempre melhor para um filme de ação.

Tem uma cena de Skydiving bem maneira, e eu imagino como diabos filmaram essa cena na época? hoje em dia temos Go-Pro pra fazer isso, mas em 1991 você tinha aquelas câmeras grandes e pesadas.


Além do mais, esse filme tem mais nudez e violência, e uma cameo hilária do Anthony Kiedis (vocalista do Red Hot Chilli Peppers).

"Under the bridge downtown
Is where i drew some blood"

O final foi mais trágico e efetivo que eu imaginei que seria, Caçadores de Emoção é um filme bem superior a Velozes e Furiosos, mas ainda é um tanto idiota, afinal, são SURFISTAS que assaltam bancos, o foco aqui ainda é a diversão, e o filme faz isso perfeitamente.

Nota: 8,5/10

Apesar de Caçadores de Emoção ter sido um sucesso em 1991, o filme nunca ganhou uma continuação, e na época ele foi um filme bem popular, o que mostra que o público gosta desse tipo de história, onde um personagem que segue a lei precisa se infiltrar e acaba criando uma amizade com aqueles que ele deveria prender, percebendo que ele pode encontrar amigos, amor e entendimento até em lugares onde não se espera encontrar nada disso.


Eu aposto que os roteiristas de Velozes são grandes fãs de Caçadores de Emoção, como o filme nunca ganhou uma sequencia, me parece que eles quiseram fazer sua própria, mas dessa vez com carros.

Então, com o sucesso do primeiro filme, veio a sequência de Velozes & Furiosos em 2003, com um titulo bem imbecil, + Velozes + Furiosos (2 Fast 2 Furious no igualmente imbecil original), eu aposto que colocaram esse titulo por que ia ser "muito loko dahora e descolado, véi" e o público jovem da época ia adorar.


O filme infelizmente é o pior da série, tanto que Vin Diesel recusou 25 milhões de dólares porque achou o roteiro inconvincente, Rob Cohen estava fazendo Triplo X e John Singleton assumiu a cadeira de diretor, apesar dele ter sido indicado ao Oscar por Os Donos da Rua em 1991, quase todos os filmes dele após esse foram bem ruins.

O filme não evolui em absolutamente nada do primeiro, é apenas uma aventura esquecível que parece mais um episódio de Miami Vice do que uma adição importante na franquia, na trama, Brian O'Conner (Paul Walker) se une com um antigo amigo de infância chamado Roman Pearce (Tyrese Gibson) para se infiltrar e prender um traficante de drogas poderoso em Miami.

Policias parceiros (um branco e um negro) contra o crime em Miami, acho que já vi isso em algum lugar.

Primeira das várias criticas que tenho que fazer, é o uso abusivo de CG, a corrida de rua no inicio do filme é ridícula de tantos efeitos especiais que dataram pessimamente, parecia mais que eu estava vendo um gameplay de Need for Speed Underground 2, do qual eu preferia estar jogando do que vendo essa perda de tempo.

Eu podia jurar que essas imagens são de um game de PS2, mas são do filme mesmo

Nenhuma das cenas de ação realmente empolga, o que é um grande pecado para um filme de ação, nunca senti tensão, adrenalina ou preocupação nenhuma durante o filme.

A personalidade de O'Conner muda totalmente nesse filme, se comparar com o filme anterior e com os posteriores, é notável que é praticamente outro personagem, isso é sinal de um mal roteiro e pouco controle do diretor, pois me parece muitas vezes que os atores não sabem que tipo de personagens eles deveriam fazer. a substituição do Vin Diesel pelo Jacaré do É o Tchan também me pareceu muito estranha.

 Isso foi uma piada, mas ele realmente parece o Jacaré

Pra falar a verdade, ele talvez seja o melhor personagem do filme, pois ele pelo menos é engraçado e salva esse filme de não ser completamente genérico e inútil, e ele e Paul Walker parecem estar se divertindo um monte no filme, muitos diálogos são improviso desses atores, isso porque eles mal tinham um roteiro para trabalhar em cima, o vilão é tão medíocre que eu nem lembrava mais quem ele era após 10 minutos do término do filme.

A piada do ejetor foi muito boa, admito.

Ele devia falar "Segura o Tchan" quando ejetou o cara

Pelo menos temos Devon Aoki e Eva Mendes para deliciar nossos olhos, que provavelmente estariam dormindo se elas não estivessem no filme.

Devon Aoki Diliça
Eva Mendes Diliça²

No geral, o resultado de + Velozes + Furiosos é negativo, o filme é muito fraco, genérico e esquecível, faltou um pouco de Diesel para esse carro andar, e acho que nem assim ia andar.

Nota: 2 Fast + 2 Furious = 4/10



Apesar dos críticos e muitos fãs terem desgostado (mais pela falta do Vin Diesel), o filme ainda foi um grande sucesso e uma continuação já estava confirmada.

A Universal quis mudar tudo nesse projeto, contratando um diretor novato (com apenas dois filmes anteriores) chamado Justin Lin, e com um elenco de atores jovens (Paul Walker saiu porque o estúdio achou ele muito velho para continuar na franquia).

Um problema que tenho com a franquia é que todos os filmes me lembram um produto de entretenimento muito similar já feito antes, o primeiro filme era um remake de Caçadores de Emoção com carros, + Velozes + Furiosos parecia em episódio qualquer de Miami Vice, com carros, e Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio é um remake de Karate Kid, só que com carros.

Tanto que quando o verdadeiro remake de Karate Kid foi lançado, eu lembrei mais de Desafio em Tóquio do que o próprio original.


Na trama, um estudante adolescente (apesar que o ator tinha uns vinte e pouco anos) chamado Sean Boswell (Lucas Black) participa de uma corrida ilegal contra um rival, ele perde e é pego pela policia, ele é mandado então para o pai divorciado que mora em Tóquio, e lá ele descobre um novo jeito de corrida, onde usam a técnica do Drift, ele também se interessa pela namorada do novo rival, e precisa aprender essa técnica para vence-lo, e ficar com a garota (que é uma grande interesseira, mas deixa pra lá).

Drift: técnica imortalizada pela Kombi escolar no Brasil.


É a mesma estrutura de Karate Kid, mocinho perde, mocinho aprende técnica com um mestre, e o combate final é mais uma questão de honra do que de vingança. Só faltou tocar "You're The Best Around" no final do filme.


O filme é bastante falho, os personagens são bem estereotipados e clichês(o herói que precisa aprender, o sidekick negro cheio das gírias, o vilão mimado, o mestre do herói, a mocinha, entre outros), a maioria das mulheres só estão lá para aparecerem bonitas e não tem muita importância na trama, os atores juvenis não são muito bons.

Mas o filme acerta em outras questões em que o anterior errou, o uso do CG foi bem limitado, utilizando mais cenas práticas com verdadeiros motoristas profissionais, o que eles fazem com o drift nessas cenas é de cair a boca, fazendo desse um filme de ação bem mais efetivo que + Velozes + Furiosos. O choque cultural de um americano tendo que viver no Japão foi bem executado, como o diretor é oriental, ele não exagerou em mostrar Tóquio como a cidade é, sem parecer um estereotipo americano de como é por lá (algo que errariam no quinto filme ao mostrar o Rio de Janeiro).

Um problema pessoal que tenho é que o mocinho do filme está cercado de Japas maneiras e ele escolhe a Maria Gasolina latina gostosa e genérica, até o personagem Han comenta isso.

 Todas essas Japas maneiras
E vou escolher a Maria Gasolina

E falando nesse personagem, achei ruim ele ter morrido perto do final, ele era de longe o melhor personagem do filme inteiro, o único com personalidade.


Apesar desse ser o mais odiado pelos fãs (por não ter nem Vin Diesel nem Paul Walker), Desafio em Tóquio é um filme decente, não tem nada demais e você provavelmente já viu um bilhão de filmes parecidos, mas ele é divertido e é inofensivo, além do mais, a corrida final está no mesmo nível da corrida final do primeiro filme, muito bem filmada e bem eletrizante.

E a cameo no final foi bem legal.

"Vim falar da iniciativa Corredores"

Esse filme também começou a tendencia de fazer as músicas mais irritantes do mundo se tornarem grandes sucessos, no caso, Tokio Drift de Teriwaky boyz (sim, boys com Z porque é mais descolado).


Nota: 6,5/10


Essa decisão arriscada da Universal de mudar tudo se mostrou falha, pois Desafio em Tóquio foi o filme menos lucrativo da série, não chegou a ser um fracasso, mas também não atendeu a expectativa financeira do estúdio.

Então no quarto filme, lançado três anos depois, o estúdio resolveu reunir todos os atores principais do primeiro, Vin Diesel, Paul Walker, Michelle Rodriguez e Jordana Brewster.


Na trama, Brian O'Conner (dessa vez um agente do FBI) se junta novamente com Dominic Toretto para acabar com um inimigo em comum, um traficante de drogas responsável pela morte de uma amiga em comum.

O primeiro ato do filme é muito bom, com uma cena inicial de ação animal, usando de forma balanceada CG com manobras reais, é legal ver os personagens do primeiro filme se reunindo novamente após tantos anos, com mudanças de características, O'Conner por exemplo, agora é um agente maduro e sério e não mais o rapaz meio bobão dos dois primeiros filmes e Toretto se torna mais violento e inconsequente após a morte da parceira.


O problema que o segundo e terceiro ato são bem fracos em comparação, o roteiro é uma mistura dos dois primeiros filmes, por mais interessante que seja ver esses personagens reunidos, a trama de capturar um traficante de drogas se infiltrando nos contatos dele já era genérica em + Velozes + Furiosos, isso não mudaria aqui. As cenas de ação no final não empolgam, se no inicio o uso do CG foi balanceado, aqui ele é abusado, não é tão ruim quando o segundo filme e seus gráficos de PS2 na tela,digamos que evoluímos para um PS3 agora, é um pouco melhor, mas ainda é bem falso.

A cultura do Tuning e corridas de rua já não era mais tão popular em 2009 quanto ela foi em 2001, o que fez o filme se tornar um pouco cansativo, sei que na cronologia da série, esse filme se passa na época onde essa cultura ainda era popular, mas é repetitivo ver a mesma construção de cena pela vigésima vez (passa uma gostosa, ela dá a largada, os carros partem, alguém usa nitro, close na troca de marcha, close no rosto do personagem, etc).


Em suma, Velozes e Furiosos 4 começa tão bem que o resto do filme é fraco em comparação, talvez se guardassem uma cena daquela magnitude para o final, o filme teria uma estrutura muito mais consistente.

Nota: 6/10



Mesmo o filme tendo sido um grande sucesso, o diretor soube que era preciso de uma mudança de tom para a franquia continuar viva e lucrativa, e é com essa ideia que o próximo filme nasceu.

O que posso presumir até esse ponto sobre o sucesso desses filmes:

1. O mais óbvio: o povo ama carros, especialmente aqueles que nunca irão dirigir, então é um bom escapismo ver esses carros poderosos e caros em ação.

2. É interessante ver esses personagens passando por várias fases enquanto os filmes avançam, e até a estrutura dos filmes vai mudando conforme a época, todos são produtos de seu tempo e é legal ver como os filmes de ação evoluíram desde 2001, passando em 2003, 2006 e 2009.

3. Os atores: apesar de nenhum deles seres atores/atrizes excepcionais, eles causam uma impressão , Vin Diesel, Paul Walker, Michelle Rodriguez e Jordana Brewster começaram mais ou menos na mesma época, e não tem nada de errado em fazer atuações simplórias, é um filme de ação, eles fizeram o suficiente para serem memoráveis.

Decidi continuar o restante dos filmes na parte 2, pois os filmes mudam bastante daqui pra frente, e porque as razões do sucesso vão ficar bem mais complexas.