sábado, 8 de novembro de 2014

Rumo a Surdez: Discografias Comentadas.

 Banda da vez: Arctic Monkeys Parte 1



Olá pessoal!!!

Nesse artigo inaugurarei uma nova sessão de artigos no blog, ‘Rumo a Surdez’, pensei nesse nome pelo fato de eu ter que ouvir um álbum num volume alto, e considerando a quantidade de álbuns que vou ter que ouvir, e provável que eu fique surdo, mas foda-se, as bandas que eu comentarei são as minhas bandas favoritas (eu ainda farei um top 10 delas um dia).

Começarei com a banda inglesa Arctic Monkeys, porque é uma banda que eu comecei a ouvir este ano (2014), então as músicas e os fatos acerca dela estão frescos em minha cabeça, e porque é uma banda que há algum tempo atrás eu não ligava à mínima, então ouvi muitos dizendo que é a “melhor banda de rock nos dias atuais”, e eu nunca entendi o porquê disso, quando temos bandas bem melhores (em minha opinião) como Foo Fighters e Queens of The Stone Age em atividade. Por ouvir tantos falando, e por saber que eles já trabalharam com Josh Homme (um dos meus artistas favoritos hoje), decidi dar uma ouvida nos álbuns e comecei a entender o porquê de muitos amarem essa banda, e eu mesmo que relutei tanto, acabei virando um fã.

Pois é, eu era um dos que falavam “Who the fuck are the arctic monkeys?” e me parece que eles sabiam que muitos idiotas iam fazer essa pergunta.


Mas antes de eu começar a falar sobre os álbuns, vamos ver uma resumida da banda.
Arctic Monkeys é uma banda inglesa formada em 2002 em High Green, subúrbio de Shetfield, a banda é composta por Alex Turner (vocal e guitarra rítmica), Jamie Cook (guitarra principal), Nick O’malley (baixo) e Matt Helders (bateria), é difícil colocar Monkeys em um gênero só, suas musicas são bem diversificadas, mas geralmente é classificado como Indie, Alternative rock com muito de rock de garagem também.
As três principais influências da banda foram Oasis, The Strokes e Queens of The Stone Age, e é bem visível (ou audível, sei lá) ao ouvir os álbuns, a banda também tem certa influência de Rap e Hip Hop, não no som, mas no fato do vocalista Alex Turner cantar muito rápido (eu me perco tentando cantar Fluorescent Adolescent), as letras são muito inspiradas no trabalho do poeta John Cooper Clarke, conhecido como poeta do punk, inspirou diversas bandas com sua poesia sobre observações do cotidiano.
E sem mais delongas (porque eu odeio faze-las), a discografia comentada:

Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not.
Data de Lançamento: 23/01/2006
Duração: 40:56 mins.


Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not foi um dos principais lançamentos de 2006 na cena indie que crescia muito na época, e é até hoje, o favorito de muitos fãs, o que é fácil de entender, porque o álbum é, bem, como eu posso falar de uma forma educada? ...

É Foda Pacaralho...

Tai, perfeito.

Todas as músicas desse álbum são neoclássicos do rock,  apesar de que, em minha opinião, é um álbum muito centrado no estilo indie (que eu não sou tão fã assim), eu amo esse álbum assim mesmo, e olhem o nome desse disco, é simplesmente genial, essa foto (que é de um amigo da banda) combina perfeitamente com o nome e com o feeling de rock de garagem e de uma boate suja.

O trabalho inteiro é um álbum conceitual sobre uma noite de festa no norte da Inglaterra, e é fácil se identificar com as histórias mostradas nas faixas, se você costuma a ir a festas em bares com bandas de rock tocando ao fundo, você com certeza irá se identificar com esse álbum.

O disco começa com A View From The Afternoon, que é uma das melhores introduções ao som de uma banda que eu já ouvi. Tudo que você precisa saber sobre os primeiros anos de Arctic Monkeys pode ser encontrado aqui: as letras inteligentes, o som de garagem agressivo e a perfeita construção musical.

I Bet That You Look Good on The Dance Floor foi o primeiro single do álbum, e provavelmente é a música mais famosa do álbum, essa música é extremamente grudante, é difícil não ficar cantarolando ela depois. A letra pode ser vista como meio idiota, mas acredito que essa foi essa foi à faixa do disco que quis apenas ser divertida e dançante, e ela consegui isso magistralmente. Destaque para divertida menção à Duran Duran no trecho “You’re Name Isn’t Rio, But I Don’t Care for Sand” .

Fake Tales of San Francisco tem um ótimo riff, mas a sua parte forte fica em 2:23 da música, eu sempre me controlo pra não cantar junto em voz alta enquanto escuto ela e ando na rua enquanto essa parte toca.

Dancing Shoes é uma interessante visão na vida noturna em como as pessoas se comportam em festas, e o solo é foda.

You Probably Couldn't See For The Lights But You Were Looking Straight At Me (malditos sejam por me fazer escrever um titulo gigantesco desse nível), eu adoro o ritmo dessa música, e novamente prova que esse é o álbum definitivo sobre a vida noturna em clubes do norte da Inglaterra.

Still Take You Home tem um tema parecido com dancing shoes, mas tem um riff melhor em minha opinião.

Riot Van é a música mais leve do disco, e a genialidade de escritor de Alex Turner é novamente vista nessa música:
"Please just stop talking
Because they won't find us if you do
Oh those silly boys in blue
Well they won't catch me and you"
"Have you been drinking son, you don't look old enough
To me"
"I'm sorry officer is there a certain age you're
Supposed to be? Cause nobody told me"

Red Lights Indicate Doors Are Secured tem um ótimo riff de baixo e narra a volta pra casa de taxi após uma agitada noite de festa, muitos se identificarão com essa música.

Mardy Bum é a queridinha dos hipsters e indies, e dá pra notar o porquê, apesar de ser uma das músicas mais famosas desse álbum, ela não foi lançada como single, então os fãs acabaram a tornando famosa, e chegou até tocar nas rádios de tanto que pediam por ela, tenho que admitir que Mardy Bum é extremamente memorável e as vezes começo a cantarolar ela do nada, a faixa fala sobre o famoso amigo bebum que tem em todo grupo de amigos, acredito que todos tem um, ou são um.

Perhaps Vampires Is A Bit Strong But... Apesar do titulo genial, é a minha menos favorita do álbum, não é de forma alguma uma música ruim, só que em comparação aos outros clássicos desse disco, ela é o Four Sticks do trabalho (santa referência à led zeppelin).

When the Sun Goes Down foi a primeira música que eu ouvi desse álbum, e o que mais chama a atenção é o refrão, sem dúvidas um dos melhores dos últimos anos, outra coisa que eu notei quando eu ouvi a primeira vez, é incrível como eles conseguem escrever uma letra complexa, e encontrar uma forma de encaixar tudo certinho em perfeita construção e assim fazer a faixa ser inesquecível.

From Ritz To Rubble é minha favorita do álbum, ela é simplesmente incrível, ela é memorável, rápida, agressiva e ao mesmo tempo calmante, e quando chega em 2:16 é impossível eu não me agitar seja lá onde eu estiver.
“Last night what we talked about
It made so much sense
But now the haze has ascended
It don't make no sense anymore”

A Certain Romance é outra favorita dos indies, na primeira vez que eu a ouvi, eu não tinha gostado, mas após que eu entendi o significado dela, acho que ela pode ser considerada música tema daquela época, quando alguém menciona 2006 e a crescente onda das bandas indie, a primeira música que vem a minha cabeça é essa. A Certain Romance é uma carta de amor a esse período, e ela acaba se tornando uma das melhores conclusões de um álbum que já ouvi na vida.

Outro fator a considerar são os B-sides da banda, eu recomendo, os B-sides de Arctic Monkeys merecem ser ouvidos com o mesmo amor que as faixas dos álbuns. Destaque para Bigger Boys And Stolen Sweethearts, música fácil de simpatizar, caso você foi um moleque que na adolescência se apaixonava por garotas que já tinham namorados mais velhos e mais ricos, e você nunca tinha chance alguma com a garota em questão, essa música foi feita pra você. Ou talvez tenha sido só eu? peraí que eu vou chorar no banheiro e já volto.


Essa música fala comigo, sniff.

Pontos altos: From The Ritz to The Rubble, When The Sun Goes Down, o álbum inteiro na verdade.

Pontos fracos: nenhum.

Nota final: 10/10



Favourite Worst Nightmare
Data de Lançamento: 18/04/2007

Duração: 37:34 mins.


Favourite Worst Nightmare é o álbum mais rápido, alto e agitado da banda, a maioria das faixas são bem curtas e divertidas. O disco já começa com Brianstorm, o que é uma ótima forma de começar, você provavelmente já ouviu essa música, mesmo que não goste de Rock, porque ele é o maior hit da banda até hoje, novamente a combinação riff foda + refrão chiclete + letra inteligente mostrando que esse álbum não veio pra decepcionar.

Pra falar a verdade, Brianstorm foi a primeira música deles que eu ouvi, e eu odiei, mas na época que eu ouvi eu só curtia uns nu metal ridículo e eu prefiro esquecer desse tempo.

Em seguida temos Teddy Picker, e ouvimos o elemento mais forte desse disco, o baixo; em minha opinião, Nick O’malley é a alma desse disco, e ele nunca esteve melhor do que aqui. Teddy Picker fala sobre a fama e como parece que as pessoas são selecionadas aleatoriamente para serem famosas, não pelo seu talento, mas pela sorte delas estarem no lugar certo na hora certa, como uma daquelas maquinas onde uma garra pega um brinquedo (igual aquele do Toy Story). Destaque para a menção à Duran Duran (de novo): “I don’t want your prayer, save it for a morning after”.

 D is for Dangerous e Balaclava mantém a rapidez e diversão do álbum.

Fluorescent Adolescent, como eu posso começar? É genial, e pensando bem, é uma música bem triste, ela fala sobre uma mulher que era a maioral em sua época, a gostosa, popular e a desejada, mas foi envelhecendo e tudo que ela foi um dia é apenas uma memória agora, e ela acaba descobrindo que nem o passado era tão bom assim. Acredito que é fácil se identificar com essa música na parte da nostalgia (não a parte da mulher), tudo parecia mais bonito naquela época, mas se pararmos pra pensar, não foi tudo aquilo que nossas mentes acreditam hoje, a memória é apenas uma adaptação do passado, uma adaptação mais bonita do que realmente foi.
E eu desafio alguém cantar essa música rapidamente sem travar a língua.

Only Ones Who Know é uma bonita canção, mas não há muito que falar dela, destaque para o trecho: “That true romance can't be achieved these days” e eu não poderia concordar mais.

Do Me a Favour é uma das músicas mais frias sobre fim de relacionamento que eu já ouvi, mas acho que pra alguém que recém terminou um namoro e está mais irritado do que triste, ela é uma ótima música, a letra é genial como sempre. Uma faixa que termina com “Perhaps fuck off might be too kind” merece meio respeito eternamente, porque “dar um tempo” é a mesma coisa que mandar alguém se foder e ir embora. E alias, 2:34 até 2:55 = perfeição.

This House is a Circus me lembra muito o som de Queens of The Stone Age, o que logo(no próximo álbum) provou ser intencional.

O que também pode ser dito de If You Were There, Beware, uma música com um som bem stoner rock.

The Bad Thing não chamou minha atenção na primeira audição, mas hoje a vejo como uma das músicas mais divertidas do álbum e que infelizmente é pouco lembrada.

Old Yellow Bricks é foda, toda a parte instrumental é fantástica e mostra que Arctic Monkeys é uma banda disposta a evoluir e fazer diferentes tipos de sons a cada álbum.

E pra fechar com chave de ouro, 505 é uma das melhores músicas dos últimos anos, extremamente atmosférica, ela é algo que eu chamaria de “música noir”, todas as vezes que eu a escuto parece que tudo fica em preto e branco e do nada eu me vejo vestindo um chapéu fedora e terno. Nessa faixa foram usados samples da trilha sonora de Três Homens em Conflito, um clássico do Western de Sergio Leone. 505 termina o álbum magistralmente e ela é de certa forma um exemplo do som que iriamos ouvir no próximo álbum, muito mais conceitual e atmosférico.

Os B-sides de Favourite Worst Nightmare são massivos, têm umas 20 músicas que foram chutadas do produto final, destaque para... Lá vai: Bad Woman, If You Found This It's Probably Too Late, Temptation Greets You Like Your Naughty Friend (com um riff foda e um dat rap no final), a linda The Bakery, Too Much to Ask, What If You Were Right the First Time e um elegante cover de Diamonds are Forever (do filme do 007 se você não sabe).

Pontos Altos: 505, Fluorescent Adolescent, Brianstorm.

Pontos Baixos: nenhum também, é um trabalho ótimo no geral.

Nota final: 9,5/10, pois é, apesar de ser um ótimo álbum, acho que ele é muito curto, dava pra colocar algo dos b-sides de boa ali e ninguém ia reclamar.



                                          


Eu decidi partir o artigo em dois, e sim, é porque eu quero mais artigos em meu blog e eu achei melhor dividir o artigo assim como aqueles filmes baseados em livros que são feitos em partes não para agradar os fãs, mas para lucrar mais.


Não que eu vá lucrar com essa joça.

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