Rumo
a Surdez: Discografias Comentadas.
Banda
da vez: Arctic Monkeys Parte 1
Olá pessoal!!!
Nesse artigo inaugurarei uma nova sessão de artigos
no blog, ‘Rumo a Surdez’, pensei nesse nome pelo fato de eu ter que ouvir um
álbum num volume alto, e considerando a quantidade de álbuns que vou ter que
ouvir, e provável que eu fique surdo, mas foda-se, as bandas que eu comentarei
são as minhas bandas favoritas (eu ainda farei um top 10 delas um dia).
Começarei com a banda inglesa Arctic Monkeys, porque
é uma banda que eu comecei a ouvir este ano (2014), então as músicas e os fatos
acerca dela estão frescos em minha cabeça, e porque é uma banda que há algum
tempo atrás eu não ligava à mínima, então ouvi muitos dizendo que é a “melhor
banda de rock nos dias atuais”, e eu nunca entendi o porquê disso, quando temos
bandas bem melhores (em minha opinião) como Foo Fighters e Queens of The Stone
Age em atividade. Por ouvir tantos falando, e por saber que eles já trabalharam
com Josh Homme (um dos meus artistas favoritos hoje), decidi dar uma ouvida nos
álbuns e comecei a entender o porquê de muitos amarem essa banda, e eu mesmo
que relutei tanto, acabei virando um fã.
Pois é, eu era um dos que falavam “Who the fuck are
the arctic monkeys?” e me parece que eles sabiam que muitos idiotas iam fazer
essa pergunta.
Mas antes de eu começar a falar sobre os álbuns,
vamos ver uma resumida da banda.
Arctic Monkeys é uma banda inglesa formada em 2002
em High Green, subúrbio de Shetfield, a banda é composta por Alex Turner (vocal
e guitarra rítmica), Jamie Cook (guitarra principal), Nick O’malley (baixo) e
Matt Helders (bateria), é difícil colocar Monkeys em um gênero só, suas musicas
são bem diversificadas, mas geralmente é classificado como Indie, Alternative
rock com muito de rock de garagem também.
As três principais influências da banda foram Oasis,
The Strokes e Queens of The Stone Age, e é bem visível (ou audível, sei lá) ao
ouvir os álbuns, a banda também tem certa influência de Rap e Hip Hop, não no
som, mas no fato do vocalista Alex Turner cantar muito rápido (eu me perco tentando
cantar Fluorescent Adolescent), as letras são muito inspiradas no trabalho do
poeta John Cooper Clarke, conhecido como poeta do punk, inspirou diversas
bandas com sua poesia sobre observações do cotidiano.
E sem mais delongas (porque eu odeio faze-las), a
discografia comentada:
Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not.
Data
de Lançamento: 23/01/2006
Duração:
40:56 mins.
Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not foi um
dos principais lançamentos de 2006 na cena indie que crescia muito na época, e
é até hoje, o favorito de muitos fãs, o que é fácil de entender, porque o álbum
é, bem, como eu posso falar de uma forma educada? ...
É Foda Pacaralho...
Tai, perfeito.
Todas as músicas desse álbum são neoclássicos do
rock, apesar de que, em minha opinião, é
um álbum muito centrado no estilo indie (que eu não sou tão fã assim), eu amo esse álbum assim mesmo, e olhem o
nome desse disco, é simplesmente genial, essa foto (que é de um amigo da banda)
combina perfeitamente com o nome e com o feeling de rock de garagem e de uma
boate suja.
O trabalho inteiro é um álbum conceitual sobre uma
noite de festa no norte da Inglaterra, e é fácil se identificar com as
histórias mostradas nas faixas, se você costuma a ir a festas em bares com
bandas de rock tocando ao fundo, você com certeza irá se identificar com esse
álbum.
O disco começa com A View From The Afternoon, que é
uma das melhores introduções ao som de uma banda que eu já ouvi. Tudo que você
precisa saber sobre os primeiros anos de Arctic Monkeys pode ser encontrado
aqui: as letras inteligentes, o som de garagem agressivo e a perfeita
construção musical.
I Bet That You Look Good on The Dance Floor foi o
primeiro single do álbum, e provavelmente é a música mais famosa do álbum, essa
música é extremamente grudante, é difícil não ficar cantarolando ela depois. A
letra pode ser vista como meio idiota, mas acredito que essa foi essa foi à
faixa do disco que quis apenas ser divertida e dançante, e ela consegui isso
magistralmente. Destaque para divertida menção à Duran Duran no trecho “You’re
Name Isn’t Rio, But I Don’t Care for Sand” .
Fake Tales of San Francisco tem um ótimo riff, mas a
sua parte forte fica em 2:23 da música, eu sempre me controlo pra não cantar junto
em voz alta enquanto escuto ela e ando na rua enquanto essa parte toca.
Dancing Shoes é uma interessante visão na vida
noturna em como as pessoas se comportam em festas, e o solo é foda.
You Probably Couldn't See For The Lights But You
Were Looking Straight At Me (malditos sejam por me fazer escrever um titulo
gigantesco desse nível), eu adoro o ritmo dessa música, e novamente prova que
esse é o álbum definitivo sobre a vida noturna em clubes do norte da
Inglaterra.
Still Take You Home tem um tema parecido com dancing
shoes, mas tem um riff melhor em minha opinião.
Riot Van é a música mais leve do disco, e a
genialidade de escritor de Alex Turner é novamente vista nessa música:
"Please
just stop talking
Because they won't
find us if you do
Oh those silly
boys in blue
Well they won't
catch me and you"
"Have you
been drinking son, you don't look old enough
To me"
"I'm sorry
officer is there a certain age you're
Supposed to be?
Cause nobody told me"
Red Lights Indicate Doors Are Secured tem um ótimo
riff de baixo e narra a volta pra casa de taxi após uma agitada noite de festa,
muitos se identificarão com essa música.
Mardy Bum é a queridinha dos hipsters e indies, e dá
pra notar o porquê, apesar de ser uma das músicas mais famosas desse álbum, ela
não foi lançada como single, então os fãs acabaram a tornando famosa, e chegou
até tocar nas rádios de tanto que pediam por ela, tenho que admitir que Mardy
Bum é extremamente memorável e as vezes começo a cantarolar ela do nada, a
faixa fala sobre o famoso amigo bebum que tem em todo grupo de amigos, acredito
que todos tem um, ou são um.
Perhaps Vampires
Is A Bit Strong But... Apesar do titulo genial, é a minha menos
favorita do álbum, não é de forma alguma uma música ruim, só que em comparação
aos outros clássicos desse disco, ela é o Four Sticks do trabalho (santa
referência à led zeppelin).
When the Sun Goes Down foi a primeira música que eu
ouvi desse álbum, e o que mais chama a atenção é o refrão, sem dúvidas um dos
melhores dos últimos anos, outra coisa que eu notei quando eu ouvi a primeira
vez, é incrível como eles conseguem escrever uma letra complexa, e encontrar
uma forma de encaixar tudo certinho em perfeita construção e assim fazer a
faixa ser inesquecível.
From Ritz To Rubble é minha favorita do álbum, ela é
simplesmente incrível, ela é memorável, rápida, agressiva e ao mesmo tempo
calmante, e quando chega em 2:16 é impossível eu não me agitar seja lá onde eu
estiver.
“Last night what
we talked about
It made so much
sense
But now the haze
has ascended
It don't make no
sense anymore”
A Certain Romance é outra favorita dos indies, na
primeira vez que eu a ouvi, eu não tinha gostado, mas após que eu entendi o
significado dela, acho que ela pode ser considerada música tema daquela época,
quando alguém menciona 2006 e a crescente onda das bandas indie, a primeira
música que vem a minha cabeça é essa. A Certain Romance é uma carta de amor a
esse período, e ela acaba se tornando uma das melhores conclusões de um álbum
que já ouvi na vida.
Outro fator a considerar são os B-sides da banda, eu
recomendo, os B-sides de Arctic Monkeys merecem ser ouvidos com o mesmo amor
que as faixas dos álbuns. Destaque para Bigger Boys And Stolen Sweethearts,
música fácil de simpatizar, caso você foi um moleque que na adolescência se
apaixonava por garotas que já tinham namorados mais velhos e mais ricos, e você
nunca tinha chance alguma com a garota em questão, essa música foi feita pra
você. Ou talvez tenha sido só eu? peraí que eu vou chorar no banheiro e já
volto.
Essa música fala comigo, sniff.
Pontos altos: From The Ritz to The Rubble, When The
Sun Goes Down, o álbum inteiro na verdade.
Pontos
fracos: nenhum.
Nota
final: 10/10
Favourite Worst Nightmare
Data de Lançamento: 18/04/2007
Duração:
37:34 mins.
Favourite Worst Nightmare é o álbum mais rápido,
alto e agitado da banda, a maioria das faixas são bem curtas e divertidas. O
disco já começa com Brianstorm, o que é uma ótima forma de começar, você
provavelmente já ouviu essa música, mesmo que não goste de Rock, porque ele é o
maior hit da banda até hoje, novamente a combinação riff foda + refrão chiclete
+ letra inteligente mostrando que esse álbum não veio pra decepcionar.
Pra falar a verdade, Brianstorm foi a primeira
música deles que eu ouvi, e eu odiei, mas na época que eu ouvi eu só curtia uns
nu metal ridículo e eu prefiro esquecer desse tempo.
Em seguida temos Teddy Picker, e ouvimos o elemento
mais forte desse disco, o baixo; em minha opinião, Nick O’malley é a alma desse
disco, e ele nunca esteve melhor do que aqui. Teddy Picker fala sobre a fama e
como parece que as pessoas são selecionadas aleatoriamente para serem famosas,
não pelo seu talento, mas pela sorte delas estarem no lugar certo na hora
certa, como uma daquelas maquinas onde uma garra pega um brinquedo (igual
aquele do Toy Story). Destaque para a menção à Duran Duran (de novo): “I don’t
want your prayer, save it for a morning after”.
D is for
Dangerous e Balaclava mantém a rapidez e diversão do álbum.
Fluorescent Adolescent, como eu posso começar? É
genial, e pensando bem, é uma música bem triste, ela fala sobre uma mulher que
era a maioral em sua época, a gostosa, popular e a desejada, mas foi
envelhecendo e tudo que ela foi um dia é apenas uma memória agora, e ela acaba
descobrindo que nem o passado era tão bom assim. Acredito que é fácil se
identificar com essa música na parte da nostalgia (não a parte da mulher), tudo
parecia mais bonito naquela época, mas se pararmos pra pensar, não foi tudo
aquilo que nossas mentes acreditam hoje, a memória é apenas uma adaptação do
passado, uma adaptação mais bonita do que realmente foi.
E eu desafio alguém cantar essa música rapidamente
sem travar a língua.
Only Ones Who Know é uma bonita canção, mas não há
muito que falar dela, destaque para o trecho: “That true romance can't be
achieved these days” e eu não poderia concordar mais.
Do Me a Favour é uma das músicas mais frias sobre
fim de relacionamento que eu já ouvi, mas acho que pra alguém que recém
terminou um namoro e está mais irritado do que triste, ela é uma ótima música,
a letra é genial como sempre. Uma faixa que termina com “Perhaps fuck off might
be too kind” merece meio respeito eternamente, porque “dar um tempo” é a mesma
coisa que mandar alguém se foder e ir embora. E alias, 2:34 até 2:55 = perfeição.
This House is a Circus me lembra muito o som de
Queens of The Stone Age, o que logo(no próximo álbum) provou ser intencional.
O que também pode ser dito de If You Were There, Beware, uma música com um som bem stoner rock.
The Bad Thing não chamou minha atenção na primeira
audição, mas hoje a vejo como uma das músicas mais divertidas do álbum e que
infelizmente é pouco lembrada.
Old Yellow Bricks é foda, toda a parte instrumental
é fantástica e mostra que Arctic Monkeys é uma banda disposta a evoluir e fazer
diferentes tipos de sons a cada álbum.
E pra fechar com chave de ouro, 505 é uma das melhores músicas dos últimos anos, extremamente atmosférica, ela é algo que eu chamaria de “música noir”, todas as vezes que eu a escuto parece que tudo fica em preto e branco e do nada eu me vejo vestindo um chapéu fedora e terno. Nessa faixa foram usados samples da trilha sonora de Três Homens em Conflito, um clássico do Western de Sergio Leone. 505 termina o álbum magistralmente e ela é de certa forma um exemplo do som que iriamos ouvir no próximo álbum, muito mais conceitual e atmosférico.
Os B-sides de Favourite Worst Nightmare são
massivos, têm umas 20 músicas que foram chutadas do produto final, destaque
para... Lá vai: Bad
Woman, If You Found This It's Probably Too Late, Temptation Greets You Like
Your Naughty Friend (com um riff foda e um dat rap no final), a linda The
Bakery, Too Much to Ask, What If You Were Right the First Time e um elegante
cover de Diamonds are Forever (do filme do 007 se você não sabe).
Pontos Altos: 505, Fluorescent Adolescent,
Brianstorm.
Pontos Baixos: nenhum também, é um trabalho ótimo no geral.
Nota final: 9,5/10, pois é, apesar de ser um ótimo
álbum, acho que ele é muito curto, dava pra colocar algo dos b-sides de boa ali
e ninguém ia reclamar.
Eu decidi partir o artigo em dois, e sim, é porque eu quero
mais artigos em meu blog e eu achei melhor dividir o artigo assim como aqueles
filmes baseados em livros que são feitos em partes não para agradar os fãs, mas
para lucrar mais.
Não que eu vá lucrar com essa joça.
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