domingo, 9 de novembro de 2014

Rumo a Surdez: Discografias Comentadas.
Banda da vez: Arctic Monkeys Parte 2

Humbug
Data de Lançamento: 19/08/2009
Duração: 39:20 mins.



                                                    Capa mais whatever de todas

Opiniões sobre Humbug foram bem divididas, alguns adoraram sua mudança de som, outros ficaram irritados com essa mudança, mas não conseguiam dizer que o álbum era ruim (longe disso, até os que não gostaram sabiam disso), entendo que esse trabalho não foi tão marcante quanto os outros, mas ainda é um disco sublime, com uma qualidade lírica fantástica e um estilo atmosférico que eu amo.

Muito da vibe desse álbum veio do produtor Josh Homme, que é o vocalista do Queens of The Stone Age, as faixas de Humbug são fantasmagóricas, algumas melancólicas, e algumas bonitas, mas todas estranhas ao mesmo tempo. Assim como muitas músicas da carreira de Josh Homme.

O álbum começa com My Propeller, que devo dizer, é exatamente o tipo de música que eu gosto, ela começa agitada, se mantem calma por um tempo, e explode no final. No começo, a primeira impressão é estranheza, mas também é interesse, ela é uma música cativante. Algumas pessoas podem pegar a ideia errada ao ler a letra, que de certa forma é bem sugestiva, olha só o trecho: “Coax me out my low, And have a spin of my propeller”. Não, jovem, essa música não fala, como o lendário Nego Bam diria, sobre “taca o pirú”, o bom moço Alex Turner está falando sobre o coração, como há tempos ele não funciona, e ele está pedindo a pessoa em questão da música para fazer o coração funcionar novamente. Mas partes como essa são o que fazem esse álbum ser tão bom, a parte lírica está aberto a diversos pontos de vista diferentes enquanto ao significado das letras.

Crying Lightning é simplesmente minha música favorita da banda, ela é a música que me fez um fã, eu amo a sonoridade dessa faixa. Novamente a primeira impressão é estranheza, mas Crying Lightning é também uma música muito sentimental, é possível sentir a emoção na voz de Turner. A letra é surreal, inicialmente parece que ela não faz sentido nenhum, mas é lindo ver que praticamente todo mundo tem uma visão diferente sobre o significado dela, eu tenho minha própria teoria, mas eu vou manter ela só pra mim. Eu considero Crying Lightning a obra prima da banda, sei que é uma escolha meio estranha, mas eu tenho motivos pessoais pra fazer isso.

Dangerous Animals é puro Queens of The Stone Age, lembra muito o som do álbum Era Vulgares, como Queens é uma das minhas bandas favoritas, eu não tenho o que reclamar. E eu adoro a parte da soletração nessa música, D-a-n-g-e-r-o-u-s.

Apesar de eu amar o estilo de Humbug, acho que algumas faixas não são muito memoráveis, Secret Door e Potion Approaching não chamaram minha atenção, Fire and The Thud é boa, mas nada de especial também.

Cornerstone era o ponto fraco do disco para mim na primeira audição, mas hoje ela está entre minhas favoritas, a letra é bem engraçada, ela fala sobre um cara que não consegue esquecer de uma garota, e ele começa a ver o rosto dela em todas as outras garotas que ele vê, pedindo a elas se ele pode as chamar pelo nome da velha amada, e elas obviamente recusam. O final fica meio aberto a interpretações, mas em minha visão, no final ele encontra uma prostituta que se parece com a garota, ele pede novamente a questão, e ela responde: “eu não deveria, mas sim, você pode me chamar do que você quiser”.

Fico pensando se o clipe dessa faixa tinha a intenção de ser simplista e imbecil, ou eles estavam tentando falar outra coisa, mas no final o resultado foi essa coisa ai:
                                             


Dance Little Liar é fantástica, ela começa bem simplista, mas vai ganhando complexidade a medida que a música progride, a letra fala sobre (como o titulo diz) mentirosos, muitas músicas falam sobre mentiras, mas eu diria que essa é a melhor de todas, melhor trecho:

“And the clean coming will hurt
And you can never get it spotless
When there's dirt beneath the dirt
The liar take a lot less time” 

Eu até diria que em qualidade instrumental é a melhor música do disco, e vejo poucos fãs falando sobre ela, e sem dúvidas Dance Little Liar é um dos pontos altos do álbum. Destaque para 3:18 da música.

Pretty Visitors é uma música divertida, com backing vocals fantasmagórigos, mas também é uma faixa que não deixa muita impressão.

The Jeweller’s Hands fecha o álbum com um tom misterioso e muito interessante, o outro (conclusão) dessa música é fenomenal.

Novamente os b-sides de Humbug são ótimos, algumas faixas melhores que as do álbum em si, destaque para: Don't Forget Whose Legs You're On, Sketchead, The Afternoon's Hat, Joining the Dots e mega destaque para Catapult, essa última é tão boa que tirei um ponto da nota final só porque fizeram a burrice de retirar ela do álbum.

Pontos Altos: Crying Lightining, My Propeller, Dance Little Liar e Cornerstone.

Pontos Baixos: Secret Door, Potion Approaching e a decisão de tirar músicas fodas e dignas pra colocar em B-sides.

Nota final: 8/10, se alguns dos b-sides estivessem no produto final, ele certamente seria o meu favorito.     


                                       


Suck it and See
Data de Lançamento: 6 de Junho de 2011

Duração: 40:05 mins.

                            Desculpe Humbug, essa sim é a capa mais whatever da história.

Já digo agora que Suck it And See é o trabalho que menos gosto da banda, ele ainda é bom, mas não tanto quanto seus antecessores. Acho que metade de álbum é esquecível, mas este também foi responsável por trazer mais fãs, pelo seu som mais popular.

O maior defeito de Suck it And See pra mim é a decaída do conteúdo lírico que os trabalhos anteriores eram conhecidos por ter, as letras desse disco são bem comuns, principalmente músicas como Brick by Brick, a letra é tão simplista que poderia ter sido escrita por qualquer banda amadora de colégio, apesar de ser uma música bem divertida. Mas vamos às faixas:

O Álbum abre com She’s Thunderstorms, e meu estranhamento começou já aqui, enquanto os primeiros discos abriam com músicas agitadas, este abre com uma música bem leve e um tanto repetitiva, essa faixa não é lá tão interessante, eu não tenho muitos comentários a fazer sobre ela.

Agora, Black Treacle é o que eu queria escutar na introdução, ela introduz o novo estilo muito melhor que She’s Thunderstorms, o riff é simples, mas muito memorável, a letra é típico Arctic Monkeys, ela é uma música boa de ouvir, eu não sei exatamente o que ela tem, mas eu sei que me agrada.

Eu gosto e desgosto de Brick by Brick, ela é a música mais divertida do álbum, a mais rock n’ roll do trabalho, mas eu esperava mais da parte lírica. Como dito acima, a letra poderia muito bem ser escrita por uma banda que recém está começando, parece que eles fizeram um som muito bom, mas não tinham letra para esse som, então escreveram qualquer coisa  mesmo e colocaram no album.

The Hellcat Spangled Shalala (santo titulo) não chamou minha atenção nas primeiras audições, mas após ouvir ela várias vezes, ele virou uma das minhas favoritas do disco, , algumas faixas desse álbum ainda tem um pouco de Humbug nelas, quando se trata do feeling que a música transmite.

Don’t Sit Down Cause I Moved Your Chair é como Brick by Brick, o som dela é fantástico, mas a letra é extremamente nonsense, é não é nonsense como as faixas de Humbug, que tinham uma mensagem por trás, essa música são vários versos malucos que não tenho certeza se realmente tem um significado, há não ser que você ache que “Do the Macarena in the Devil’s Lair” signifique algo mais profundo. E que não seja hilário como esse verso. O solo é foda, pelo menos.

Library Pictures lembra o som que ouvimos em Favourite Worst Nightmare, mas com o novo estilo, é uma música decente, também não há muito o que falar sobre.

All my Own Stunts é uma das melhores músicas do álbum, o riff é bom, o refrão é ótimo e tem uma divertida menção ao primeiro álbum:

 “Put on your dancing shoes

And show me what to do
I know you've got the moves “

Reckless Serenade é minha favorita do disco, desde a primeira audição ela chamou minha atenção, a letra é inteligente e o som é sublime, e quando chega em 2:07 é impossível não se sentir confortável com esse trecho.

Piledriver Waltz veio originalmente da trilha do filme Submarine, do qual Alex Turner foi responsável pela trilha sonora, acho que ela faz mais sentido no filme, então de certa forma ela é filler sim. Além do mais, Stuck on a Puzzle da trilha do filme é uma música bem mais bonita e superior, então acho que ela ficaria melhor aqui.

Love is a Laserquest é uma música que eu queria gostar mais, mas ela me parece igual à She’s Thunderstorms no ritmo, então eu acho ela bem mediana, acho que a banda tem baladinhas bem melhores que essa.

Suck it and See (nome sugestivo da porra) é outra música que eu queria gostar, mas eu acho mediana, talvez seja preciso estar apaixonado pra gostar dessa faixa, pois é a música mais romântica do álbum, como eu não estou, ela não me faz sentir nada.

That’s Where You Wrong parece uma extensão de The Hellcat Spangled Shalala, é a canção mais longa do album, mas novamente, ela não tem nada de tão especial. É um desfecho meio fraco, eu diria.

Agora, minha maior surpresa depois de ouvir esse disco mediano, é ter ouvido Evil Twin dos B-sides, que é simplesmente A MELHOR MÚSICA que eu ouvi relacionada a esse álbum. E os caras não colocam no produto no final, eu vou tirar um ponto por essa cagada mestra. Evil Twin tem um riff foda, letra foda e o melhor solo de guitarra que a banda já produziu. E dai os caras resolvem deixar de fora, é imperdoável.

Pontos Altos: Evil Twin, Reckless Serenade, Black Treacle, The Hellcat Spangled Shalala, All my Own Stunts e Brick by Brick.

Pontos Baixos: todo o resto.

Nota Final: 6/10, era um 7 só por Evil Twin, mas não, vamos deixar de fora.


AM
Data de Lançamento: 6 de Setembro de 2013
Duração: 41:43 mins.

É uma capa simplista, mas chuta a bunda de Suck it and See.

AM foi um dos melhores álbuns de 2013 (Lorde?? Hahahaha) em minha opinião, mas ele não tinha lá muita concorrência também (exceto por Like Clockwork, esse sim meu favorito do ano), o som de AM é uma mistura, a parte instrumental é parecida Suck It And See e a parte lírica lembra os temas abordados em Whatever People Say...

E pra falar a verdade, AM foi o primeiro álbum que eu ouvi da banda, no inicio deste ano, lembro-me que vivia zuando indie rock até dizer chega, até que um dia estava ouvindo músicas no Youtube e surgiu R U Mine? nas sugestões, eu cliquei no vídeo com a intenção de diminuir a banda, mas para minha surpresa, eu amei a música, e foi assim que abri minha mente desta vez, para agora sim, ouvir todo o trabalho da banda.

AM é inquestionavelmente o trabalho mais pop do conjunto, mas mesmo assim ele é bom, algumas músicas não me agradam, mas a maior parte do álbum é muito boa, eu entendo que alguns fãs não gostarem, mas para mim AM é tudo que o disco anterior queria ser e não atingiu. E Nick o’Malley arrebenta novamente com o baixo, talvez o principal elemento do disco.

Do I Wanna Know?  começa o álbum magistralmente, a letra é ótima, a construção sonora é sublime, eu até diria que Do I Wanna Know?  é a nova música mais famosa da banda, de tanto que já tocou, e acho que até meu cachorro conhece essa música.

R U Mine? Foi a música que me fez ouvir todos os outros trabalhos, então dá pra saber o quanto eu gosto dela, é a música mais agitada e divertida do álbum, um dos pontos fortes são os Backing Vocals, que são bem viciantes. Sem falar que ela é realmente uma canção de Rock, enquanto várias outras bandas se classificam Rock hoje dia e são um belo eletrônico disfarçado, Arctic Monkeys mesmo fazendo pop chutam bundas alheias.

E sim, isso foi um ataque a Imagine Dragons, essa banda fuleira que milhares amam.

One for The Road era a única faixa que eu sempre pulava, mas após ouvir múltiplas vezes, ela realmente cresceu no meu conceito, sendo uma das músicas mais descoladas da banda.

Arabella é mega chiclete, ela até parece um Black Sabbath pop, em 2:40 é um belo sing along nos shows.

I Want it All, apesar de um riff maneiro, parece algo que realmente merecia estar em B-sides, a letra não é lá tão inspirada, o som é meio repetitivo, então... meh! filler.

No 1 Party Anthem, eu entendo que muitos gostam dessa música, mas eu não sei o que achar dela, ela não me é memorável, então, vocês já sabem.

Agora, Mad Sounds, é a baladinha que eu gosto, no inicio ela me pareceu chata, até que do nada alguém me acertou com um ooh-lá-lá-lá, ooh-lá-lá-lá, ooh-lá-lá-lá oooh, se você ouviu a música, você vai entender a referência.

AM é um álbum com muita influência de R&B, e Fireside é a primeira música do álbum que mostra essa influência, eu adoro essa música, talvez porque eu gosto dessa mistura de R&B com Rock, e essa música utiliza certos instrumentos eletrônicos, mas é usado de uma forma decente.

Why’d You Only Call Me When You High? (quantas músicas acabam com ponto de interrogação, hein) é a mais Pop e R&B do álbum, então acho que ele deveria ser criticada pelo o que ela é, e ela é uma ótima música pop com elementos de R&B. E o título é genial.

Snap Out of It é outro Pop rock mega chiclete, a música fala sobre ficar irritado com alguém que recém se apaixonou e se tornou insuportável por isso, quem nunca ficou meio irritado com o casal mozão mais próximo que jogue a primeira pedra. Na verdade nós temos inveja deles, mas eles não precisam saber disso.

Knee Socks tem a participação de Josh Homme nos backing vocals, e isso acrescenta algo especial nessa música, tenho que admitir que simpatizo com a letra em partes, e merece destaque por esse trecho genial:

“Like the beginning of mean streets

You could be my baby”

 Menção ao filme Means Streets de Martin Scorsese, e sim, eu vi esse filme só por causa dessa música.

I Wanna be Yours é a melhor baladinha do disco, inspirada num poema de John Cooper Clarke, I Wanna be Yours lembra levemente 505, a letra nada convencional acrescenta um toque a mais nessa canção, trechos como “If you like your coffee hot, Let me be your coffee pot” não são ouvidas todo dia. E qualquer cantor que consiga falar “I wanna be your vacuum cleaner” sem ser completamente ridículo merece respeito.

AM foi um álbum bem mais divisor que Humbug em minha opinião, parece que quem gosta amou (eu), e quem não gostou odiou (certos fãs), eu até entendo que esse é o mais pop da banda, mas isso não diminui em nada sua qualidade.

Destaque dos B-sides:  2013, Electricity (também com backing vocals de Josh Homme) uma das canções mais agitadas que infelizmente não foi para o álbum) e Stop the World Cause I Wanna Get Off With You (que lembra Why’d You Only Call Me When You High? Mas muito melhor, com um solo divertido e uma inspirada batida, e alias, de onde eles tiram esses títulos?) e You’re so Dark.

 Pontos Altos: Do I Wanna Know? R U Mine? I Wanna be Yours, Stop the World Cause I 
Wanna Get Off With You.

Pontos Baixos: I Want it All (pela ousadia de usar o mesmo nome que um clássico do Queen para uma música tão mediana).

Nota Final: 9/10


Agora gostaria de deixar opiniões rápidas sobre outros projetos relacionados.

The Last Shadow Puppets: Conjunto de Miles Kane e Alex Turner, as duas primeiras músicas, The Age of Understatement e Standing Next to Me: genials; Resto do album: medíocre. Standing Next to Me está no meu top 20 músicas da vida.



Miles Kane’s Colour of the Trap: Miles Kane é um dos grandes colaboradores dos Arctic Monkeys e um dos melhores amigos de Alex Turner, esse álbum é cheio de acertos e erros, Come Closer, Rearrange e Inhaler são ótimas, o resto do álbum, nem tanto. E o cover de A Girl Like You de Edwyn Collins é bom, mas anos-luz da original.


Alex Turner’s Submarine: a trilha sonora do filme é composta apenas de baladinhas, algumas são bem chatas, outras como Stuck on a Puzzle são muito boas.



E por final, minha ordem de álbuns e músicas favoritas, as notas finais foram colocadas pela qualidade geral do álbum, então essas listas não seguem exatamente o Ranking, mas sim meu gosto pessoal.

Albúns:
5. Suck it And See
4: AM
3: Favourite Worst Nightmare
2: Humbug 
1: Whatever People Say, That’s What I’m Not

Músicas:
11. Dance Little Liar
10. Evil Twin
9. Reckless Serenade
8. When the Sun Goes Down
7. Do I Wanna Know?
6. My Propeller
5. Catapult
4: R U Mine?
3: 505                             
2. From the Ritz to the Rubble
1. Crying Lighting

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