sexta-feira, 15 de maio de 2015

Resenha: Mad Max: Estrada da Fúria



Direção: George Miller
Data de Lançamento: 14/05/2015


É raro quando você presencia algo que é tão bom que chega a doer, você fica procurando erros por todo o lugar, ou se perguntando se o filme é real, isso porque esse filme não tinha como ser bom.
Veja bem, ele demorou anos para ser filmado (ele ia começar a ser filmado em 2003 na Namíbia, mas a guerra do Iraque impediu isso, e Mel Gibson preferiu fazer a Paixão de Cristo). O diretor George Miller dirigiu apenas filmes infantis desde 1998 (Babe e Happy Feet), o que fez parecer que ele tinha desistido do cinema de ação de vez, todos os outros projetos associados ao nome dele tinham sido cancelados (Liga da Justiça), e faz 30 anos desde o último Mad Max, o que poderia criar desinteresse do público mais novo, que provavelmente não conhecem a trilogia.


Mesmo com todos esses problemas, Mad Max: Estrada da Fúria conseguiu ser o melhor filme que vi esse ano até agora.

A história é bem simples, mas totalmente efetiva, Max (dessa vez interpretado por Tom Hardy) é capturado por uma sociedade de malucos que seguem religiosamente a palavra do vilão Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que fez o vilão Toecutter no primeiro Mad Max), Max fica escravizado por um tempo, mas recebe a chance de escapar quando Furiosa (Charlize Theron, sendo linda até careca) se rebela contra Immortan e leva seus "tesouros" com ela na esperança de encontrar uma vida melhor. Immortan convoca seus "War Boys" para irem atrás dela, e se inicia uma perseguição de carros que dura o filme inteiro.

Tom Hardy como Max Rockatansky

Pode parecer excessivo na minha descrição, mas a direção primorosa de George Miller consegue deixar tudo no lugar certo, a caracterização do mundo e dos personagens fica integrada a perseguição, você entende como aquele mundo funciona, e como aqueles personagens se sentem, por identidades visuais e diálogos espertamente colocados, sem precisar de diálogos expositivos, o filme se conta, e te dá tudo que você precisa saber.

O vilão Immortan Joe

Outro fator mega importante foi a trilha sonora, composta por Junkie XL, que geralmente fazia remixes e não compôs nenhum filme grande até esse, fiquei descrente quando anunciaram o nome dele para a trilha, mas queimei a língua bonito, a trilha sonora de Mad Max é provavelmente minha favorita do ano até agora. Em faixas que exaltam a pura loucura e violência desse mundo, mas também transmitem muita emoção, destaque para a faixa Brother in Arms.


Ele é um exemplo de como se faz um filme de ação, um dos problemas que tenho com a franquia Velozes e Furiosos (citado no último artigo) é o uso abusivo de CG, o que tira o senso de realidade da cena e faz ela ser ineficiente, aqui 80% das cenas são efeitos práticos, você sente as batidas, os cortes e as explosões, porque elas realmente aconteceram, e a ação se torna muito mais real e eficiente, os efeitos especiais só são usados como pano de fundo, principalmente na cena fantástica da tempestade de areia.


A fotografia/cinematografia é estupidamente linda, é o filme pós-apocalíptico mais colorido e cheio de vida e energia já feito, há cenas que parecem uma pintura, e isso não atrapalha a caracterização do mundo, ainda é um mundo sujo e cruel, mas é o mundo sujo e cruel mais bonito que já vi, o filme tem muito a estética de uma Graphic Novel.

O andamento do filme é absurdo, fiquei tão grudado na poltrona do cinema que quase me tornei a poltrona, uma forma de descrever o filme é o seguinte: Ele te chuta dentro de um carro, já começa acelerando absurdamente e não para por uns 20 minutos, ele te dá momentos para respirar (porque você morreria de asfixia caso contrario) mas nunca desacelera, e nos momentos certos ele aciona nitro para mais uma viagem de perder o folego.

Quem precisa de rádios quando se tem um caminhão de som com um guitarrista ao vivo.

Houveram discussões imbecis reclamando que a personagem de Charlize Theron tem mais importância que o próprio Max, isso é de certa forma verdade, mas acredito que essas pessoas não entenderam a essência de Mad Max. Ele é uma entidade, é aquele que tenta sempre se afastar de problemas e pessoas, mas sempre é jogado nessas situações de perigo, ele está destinado a agir, ou seja, Max pode ser louco, mas é constantemente obrigado a ser um herói. No segundo e terceiro filmes, as histórias são contadas por pessoas que conheceram Max nesse mundo destruído, ele é o Road Warrior, e isso é um titulo que outros deram para descreve-lo, somente o primeiro Mad Max era realmente focado na história de Max, as sequências são sobre essa entidade que ele se tornou, tanto que no final de Road Warrior e Thunderdome ele se afasta daqueles que ajudou e vai procurar novas aventuras.

Charlize Theron como Imperatriz Furiosa

Há não ser que você tenha sentido que sua masculinidade foi ameaçada por Furiosa, se esse for o caso meu amigo, talvez você não seja tão homem assim, ou seja só um babaca que acha que mulheres não deveriam ter importância na trama. A personagem é forte e a única ali que Max se identifica, alguém que teve uma vida difícil mas ainda tenta ter esperanças (apesar de Max dizer que abandonou a esperança, sabemos que é mentira), há alguns momentos surpreendentemente tocantes entre os personagens, Miller tem experiência com filmes mais emocionais, e apesar de 80% desse filme ser insanidade pura na tela, temos uns 20% de humanidade necessários para nos importarmos com o destino desses personagens.

A violência é algo que não desaponta, não faria sentido fazer um filme classificação 14 anos, o mundo em que Max vive é violento e brutal, e não é exagerado e gratuito como muitos outros filmes "adultos" dizem ser (filmes que só moleques de 13 anos vão achar surpreendente), não tem nenhuma cena chocante, talvez com exceção do destino do vilão, que apesar de não ter sido sangrento, foi uma ideia bem perturbadora, tanto que fiquei com dor no queixo só de ver.

Mad Max: Estrada da Fúria mostra uma beleza caótica, provando que até excesso pode ser algo bem feito se estiver em mãos habilidosas, recomendo que veja no cinema com som alto, o filme é tudo que ele precisava ser: Explosivo, Rápido e Louco.




"Testemunhe!"



Nota: 10/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário